"Os laboratórios privados estão a pedir 200 euros por análises [ao Covid-19], é lamentável e é assustador a escala de ganância, do aproveitamento, perante pessoas que estão com medo", afirmou Francisco Louçã no seu espaço de opinião da SIC Notícias.

O comentador político referia-se a uma notícia do jornal Público que dá conta dos preços praticados por alguns laboratórios privados para análises ao novo coronavírus, feitos a título particular, sem receita médica. A mesma publicação refere que os preços se situam entre os 101 e os 200 euros e que "tem havido uma média de 25 pedidos de despiste por dia".

O antigo dirigente do Bloco de Esquerda teceu ainda críticas à cobertura noticiosa que é feita ao surto viral, destacando a “diferença que há entre a precaução e o pânico, o medo que tudo possa acontecer”.

Partindo do exemplo de Itália, o país europeu que tem o caso mais preocupante de transmissão comunitária do surto viral, com um balanço de 197 vítimas mortais e mais de 4.600 casos de infeção, Francisco Louça explicou como a comunicação social optou por um caminho mais responsável.

“A imprensa italiana começou a discutir qual era a ponderação da informação que deve ter: dar o máximo de informação sobre como é que as pessoas se devem proteger e evitar uma espécie de efeito dominó do medo”, explicou.

Sublinhe-se que o próprio diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, publicou a capa do diário La Reppublica desta sexta-feira, 6 de março, que titula "Respeitem as novas regras. Sem ansiedade, juntos vamos conseguir". O responsável lembra que "em tempos difíceis, a liderança e o compromisso são cruciais".

In difficult times, leadership & commitment are key. The Italian government has adopted extraordinary measures to contain #COVID19 & reduce its social & economic impact. I thank Presidente Mattarella for his appeal to the nation. is responding strongly. @WHO stands with you. pic.twitter.com/TXohrDWJQ6

— Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) March 6, 2020

Francisco Louçã lembrou a época de gripe do inverno passado, em que morreram mais de 3 mil pessoas. “Se houvesse uma notícia alarmista sobre cada uma destas pessoas, era muito fácil fazer o vírus do medo”, explicou o comentador. “É a diferença entre a informação e a deformação que o medo pode provocar”.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) informou que Portugal regista, nesta altura, 13 infeções confirmadas de Covid-19 e 30 novos casos suspeitos ainda em avaliação. Dos 13 casos de infetados com o novo coronavírus, oito são no Porto, um em Coimbra e quatro em Lisboa.

Ainda de acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, houve 354 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

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