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Sapadores de Lisboa registam cerca de 25 mil ocorrências por ano

Os bombeiros sapadores de Lisboa registam cerca de 25 mil ocorrências por ano, das quais 4.000 são consideradas críticas, segundo dados hoje divulgados durante a apresentação de um projeto que pretende diminuir o tempo de resposta a incidentes.

Sapadores de Lisboa registam cerca de 25 mil ocorrências por ano
Notícias ao Minuto

19:50 - 28/02/20 por Lusa

País LX Analytics Hub

Os dados foram apresentados durante a explicação do funcionamento do LX Analytics Hub, hoje em Lisboa, um modelo de inteligência artificial criado por várias entidades e que irá ser integrado na Plataforma de Gestão Inteligente de Lisboa com o objetivo de diminuir o tempo de resposta dos bombeiros a incidentes, ao prever a probabilidade de ocorrências graves em determinados locais e horários.

Segundo o comandante do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa, Tiago Lopes, estes sapadores têm cerca de 25 mil ocorrências por ano, das quais cerca de quatro mil são ocorrências críticas.

O modelo hoje apresentado será "uma ferramenta com um potencial enorme" para que os bombeiros deixem de ter uma visão meramente reativa e dará legitimidade às decisões de alocar meios para determinados locais para os quais está previsto maior risco de ocorrências, diminuindo assim o tempo de reação dos sapadores para entre os cinco minutos até um máximo de 10 minutos.

"A minha grande preocupação é a Baixa de Lisboa. Os cinco a 10 minutos é um 'standard' dos bombeiros a nível mundial, mas a Baixa de Lisboa, pelas características do edificado, nós temos que chegar neste período de tempo, porque com madeiras, tabiques, casas muito próximas, nós não conseguimos controlar o incêndio se chegarmos depois dos 10 minutos", afirmou.

Incêndios no verão e inundações no inverno, sobretudo nas zonas ribeirinhas, são claramente ocorrências sazonais, mas o modelo permite ir mais longe.

Manuel Dias, da Microsoft, explicou que o LX Analytics Hub permite saber como as ocorrências se distribuem temporalmente, ao longo do ano, mas indo ao pormenor da semana e das horas de cada dia, assim como se distribuem no espaço geográfico da cidade.

O modelo foi criado com base num histórico de variáveis climatéricas (com o apoio de dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera -- IPMA), de variáveis sociodemográficas e de ocorrências registadas em Lisboa entre 2013 e 2018.

Pelo números recolhidos, segundo Manuel Dias, é possível verificar que o total de ocorrências é idêntico ao longo destes anos, embora 2018 tenha um número ligeiramente maior.

Através do cruzamento destes dados oficiais, e realizando uma busca temporal por categorias, é possível aferir, por exemplo, que a categoria dos acidentes ou ocorrências de infraestruturas são mais frequentes à segunda feira em comparação com a média relativa aos outros dias da semana.

Manuel Dias exemplificou que, em janeiro de 2013, houve um número elevado de ocorrências, mas a análise fina dos dados permite verificar que estas se verificaram num dia específico, 19 de janeiro, um sábado, "dia de um grande temporal em Lisboa" que contribuiu para a estatística do mês.

"Vendo as ocorrências mais pormenorizadamente, dá para perceber que o maior número de ocorrências nesse dia foram ao nível de inundações, desabamentos e quedas de estruturas", adiantou, salientando que esta análise é importante para perceber como os meios de socorro podem reagir a previsões e avisos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Por outro lado, analisando os dados de acidentes, percebe-se que "os acidentes com viaturas estão a crescer nos últimos anos, provavelmente porque há mais trânsito em Lisboa", e também "temos cada vez mais atropelamentos ao longo do dia", disse.

Contudo, o modelo permite avaliar como é que estes fenómenos se distribuem pela cidade: no caso dos acidentes com viaturas "claramente vemos aqui a segunda circular com uma grande quantidade acidentes e neste cruzamento do Eixo Norte/Sul com a Segunda Circular", nas Laranjeiras, exemplificou.

Também no caso de atropelamentos "há ruas com maior número de atropelamentos assinaladas".

"Na [Avenida] Fontes Pereira de Melo temos bastantes atropelamentos, portanto, agora é perceber e treinar o modelo" para contrariar este fenómeno, acrescentou.

Leonor Brás Teixeira, bombeira e aluna da Nova Information Management School (NOVA IMS), cuja tese de mestrado serviu de base ao projeto, salientou que "o modelo não é perfeito, só tem uma exatidão de 70%, mas traz algumas conclusões relevantes" e vai sendo melhorado.

O comandante Tiago Lopes admitiu que "há detalhes para verificar".

"Por exemplo, eu sei que no Natal existem mais incêndios urbanos do que no resto do ano, mas isto a máquina tem de aprender", salientou.

O projeto, liderado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML), foi desenvolvido pela NOVA IMS, em parceria com o ISEL, a Microsoft e a SAP (empresa criadora de 'software' de gestão) e com a colaboração da Altice e do IPMA.

O modelo partiu de uma tese de mestrado de Leonor Brás Teixeira, estudante da NOVA IMS e bombeira, em parceria com Pedro Sarmento, também aluno da instituição.

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