Caso Marega. "Sociedade acordou finalmente para o problema do racismo"
Marques Mendes fez um balanço sobre o debate que se seguiu ao episódio de racismo do qual o jogador do FC Porto, Moussa Marega, foi vítima há uma semana.
© Global Imagens
País Marques Mendes
Uma semana depois de Marega ter abandonado o relvado em protesto contra os insultos racistas de que fora vítima, o balanço que Marques Mendes faz do caso tem um aspeto "muito positivo" e outro nem tanto.
O comentador considera que "a sociedade portuguesa finalmente acordou para o problema da violência no futebol e especialmente para, um problema ainda mais sério, que é o problema do racismo". E "devemos isto tudo a Marega", acrescentou, elogiando a atitude "corajosa" do jogador.
"Se ele tivesse ficado no relvado, se tivesse assobiado para o lado, se tivesse desvalorizado, o impacto não tinha sido o que foi", frisou Marques Mendes.
Quanto ao lado menos positivo, o comentador atirou: "Para além deste consenso nacional, para além destes debates, não aconteceu nada de objetivo e palpável. Alguém foi punido? Não. Alguém foi expulso de sócio de algum clube? Não. Alguém foi interditado de entrar num clube de futebol? Não". Ou seja, "passou uma semana e não aconteceu nada".
Marques Mendes deu um "exemplo de contraste" relativo a um jogo da Liga Europa na quinta-feira, em Inglaterra. "Houve um adepto que foi identificado cometendo insultos racistas em relação a um determinado atleta que estava em jogo. Foi imediatamente detetado e expulso daquele estádio. Não houve meias medidas da parte das autoridades", analisou.
Mostrando-se cético nesta matéria, o comentador da SIC disse esperar que aqui em Portugal o "consenso nacional todo que houve, e que é positivo, não fique em águas de bacalhau".
O social-democrata deixou críticas tanto a juízes como a procuradores do Ministério Público. "Tirando o diretor nacional da PSP e o presidente do Sporting, acho que anda toda a gente a assobiar para o lado", considerou, acrescentando: "Em alguns casos que são conhecidos, procuradores e juízes chutam para canto. Parece que o futebol é um mundo à parte. Desvalorizam e fazem mal. Porque o racismo - dentro do futebol ou fora do futebol - não é grave, é gravíssimo e é crime".
As críticas de Marques Mendes estendem-se também aos dirigentes de clubes. "Tirando Varandas, todos de um modo geral são cúmplices das claques, apoiam-nas (...) e nós sabemos que muitas pessoas dentro das claques são verdadeiros delinquentes. Todavia, há algum cordão sanitário? Nem pensar".
O comentador manifesta-se ainda expectante quanto ao papel das entidades associativas como a Liga, que entretanto "já assumiu que vai agravar as sanções e rever os regulamentos". "Pois é, é sempre aquele princípio, casa roubada, trancas à porta. E mesmo assim, estou para ver", disse.
Marques Mendes entende ainda que nesta matéria "não pode haver auto-regulação, deixar-se as associações definirem regras". "Tem que haver regras pesadas e iguais para todas as modalidades desportivas". Paralelamente, tem que haver "penalizações mais fortes para os adeptos e não apenas para os clubes" e sanções no plano desportivo, para que o crime não compense.
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