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Isabel "parece estar a tentar liquidar as suas operações em Portugal"

Francisco Louçã falou sobre a investigação Luanda Leaks no seu habitual comentário na SIC Notícias.

Isabel "parece estar a tentar liquidar as suas operações em Portugal"
Notícias ao Minuto

23:13 - 24/01/20 por Notícias Ao Minuto

País Francisco Louçã

Francisco Louçã falou sobre "uma semana muito intensa", dominada pela investigação Luanda Leaks, que tem no centro a empresária angolana Isabel dos Santos. No habitual comentário das sextas-feiras na SIC Notícias, o ex-líder do Bloco de Esquerda referiu que a primeira consequência deste caso é que "sabemos agora como eram feitos esses negócios". 

Para Louçã, "há uma presunção de suspeita de esvaziamento de contas da Sonangol, com transferências de cerca de 110 milhões de euros", com "alguns casos em que se tem uma informação muito bem documentada sobre como é que foram feitas as compras".

"Um dos casos mais significativos", sublinhou, "é a compra da joalharia na Suíça" que é uma "descrição extraordinária do padrão deste tipo de grandes operações", uma vez que "Isabel dos Santos - o seu marido -, tem 50% da compra para a qual pagou quatro milhões e a Sonangol ficou com outros 50%, para os quais pagou 78 milhões". 

"A diferença é que os 78 milhões são emprestados por um banco de Isabel dos Santos em dólares e a 9% de juro ao ano e os quatro milhões que foram pagos foram imediatamente restituídos com uma comissão para a compra na ordem de 5 milhões de euros", ou seja, "não so não pagou nada como ainda recebeu, ficando com 50% da propriedade de uma empresa", destacou o comentador. 

"Outras operações desse tipo foram feitas", prosseguiu: "A compra da Efacec foi feita com parte de empréstimo português de bancos portugueses e outra parte significativa de fundos públicos angolanos sem implicações diretas dos recursos" da empresária angolana, frisou.

O ex-líder do Bloco considerou ainda que "este modelo de operação multiplicava e alavancava a sua compra de empresas ou operações financeiras com lucros significativos, com grandes movimentos de capital de um lado para o outro, construindo um império porque se baseava na garantia da Sonangol ou na garantia do Estado angolano".

A "revelação destes detalhes", pela investigação Luanda Leaks, "provocou um efeito de dominó, de queda, ao aparente suicídio do gestor de conta de Isabel dos Santos no EuroBic, o afastamento de empresas de consultoria, ao afastamento dos seus mais diretos colaboradores", entre outros. 

Deste modo, "Isabel dos Santos parece estar a tentar liquidar todas as suas operações em Portugal, exeto duas cujo destino ainda não se conhece muito bem: a parceria com a Sonae na NOS [...] e a parte que, junto com os herdeiros de Américo Amorim, tem na Galp."

Considerando que "foi uma semana catastrófica" para a empresária, Louçã referiu que "há ainda alguns segredos no meio deste processo"

Recordando a "proximidade" entre ministros e ex-líderes portugueses a Angola e à família dos Santos, Louçã sublinha que o que é preocupante é a forma como "isso neutralizava ou anestesiava a capacidade de ação das autoridades portuguesas"

"Este processo prova que é possível fazer uma investigação, é possível chegar a conclusões e é possível começar a impedir estes desvios de fundos que fizeram fortunas milionárias", concluiu.

O Caso Rui Pinto 

"Para a justiça espanhola, que já recuperou 42 milhões de euros de impostos devidos por jogadores ou agentes do desporto pelas investigações que foram feitas pelo Football Leaks de Rui Pinto, é evidentemente uma fonte de informação que foi utilizada em tribunal e que permitiu acordos significativos", começou por dizer Louçã sobre o caso.

Em França "também parece ter sido assim" mas, em Portugal, "não tem sido aceite".

"Há aqui uma situação problemática para a justiça portuguesa: há um incómodo muito grande quando vemos que alguém, por meios como os que Rui Pinto utilizou, entra na correspondência institucional ou pessoal" mas "percebemos que aquilo que o tribunal tem de investigar dificilmente justificaria uma situação tão excecional como mais de um ano de prisão preventiva, porque noutros casos do mesmo tipo isso não foi aplicado".

"O Caso Rui Pinto sublinha uma deficiência da justiça portuguesa que devia estar a trabalhar sobre todas as informações disponíveis acerca da corrupção no futebol e não o está a fazer", concluiu. 

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