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"Nunca exercemos violência sobre as nossas filhas", alega casal

Cinco meses se passaram desde que as gémeas de 11 anos foram retiradas aos pais, que viviam numa garagem na Amadora. Agora, refutam as acusações de que são alvo por parte das autoridades.

"Nunca exercemos violência sobre as nossas filhas", alega casal
Notícias ao Minuto

21:25 - 20/01/20 por Filipa Matias Pereira

País Gémeas da Amadora

Mariana e João foram detidos em agosto de 2019. A aguardar julgamento em liberdade, o casal está afastado das filhas há cerca de cinco meses. Em entrevista à antena da SIC, João e Mariana recordaram o "dia terrível" em que a polícia lhes bateu à porta.

O casal negou as acusações de que é alvo pela justiça portuguesa, nomeadamente que tenha "exercido violência doméstica sobre as filhas. Nunca exercemos violência sobre as nossas filhas, sempre as tratámos com carinho, com amizade, perante as possibilidades que tivemos", asseguraram.

Foi no dia 13 de agosto que as autoridades bateram à porta da garagem na Amadora onde a família vive. E as forças de segurança encontraram as gémeas de 11 anos, Lara e Luísa, a viverem num espaço sem condições dignas. Apesar de terem consciência das limitações do espaço habitacional, garantiram os progenitores que as meninas "não eram infelizes".

O casal está junto há 12 anos e vivia numa casa construída num terreno ilegal. Essa habitação, garantiram, "tinha condições". Mas acabou por ser demolida pelas autoridades competentes e João, assumiu, não teve outra solução: "Adaptei o armazém que tinha. Foi o que consegui para não ficarmos a viver debaixo da ponte".

Na entrevista cedida a Júlia Pinheiro, Mariana recordou que a "casa foi demolida com tudo dentro. Não nos deixaram tirar nada. Os primeiros dias tivemos de dormir no chão. Ficámos dois a escavar as nossas coisas" entre os destroços que restaram da demolição.

As acusações de que o casal é alvo não se esgotam na violência. Mariana e João são também acusados de não alimentarem as gémeas devidamente. Apesar de reconhecerem que não tinham possibilidades para comprarem alimentos supérfluos, os acusados asseguraram que não faltava comida. Justificaram ainda que uma das gémeas era mais magra "provavelmente pelo sopro do coração que tem. Ela sempre foi mais magra do que a irmã, desde que estava na barriga".

Mariana, de nacionalidade brasileira, vive em Portugal há 18 anos ilegalmente. Depois de ter dado à luz às gémeas, deixou de trabalhar para cuidar delas. Quando quis regressar ao mercado de trabalho, não conseguiu uma vez que lhe era exigido visto de trabalho. Agora, em conversa com a advogada que tem a cargo a sua defesa, Mariana percebeu que a lei portuguesa prevê que cidadãos estrangeiros com filhos de nacionalidade portuguesa tenham direito a uma autorização de residência.

Meninas de 11 anos nunca foram à escola

Quando a notícia chegou a público, no verão, as autoridades alegavam que as crianças nunca tinham ido à escola. O casal vincou que as meninas têm documentos, mas que a entrada na escola foi sendo adiada por sucessivos processos burocráticos. "Faltava sempre algum papel e começou a ficar difícil. Os anos foram-se passando e entrámos numa situação difícil". João disse ainda sentir-se "mal por não ter apertado mais" e aproveitou para enfatizar que as filhas sabem "ler e escrever minimamente. A Luísa sabe mais do que a Lara".

Já quanto às acusações de violência doméstica de que Mariana teria sido vítima, ambos negam. "Houve apenas uma altura em que andávamos a discutir um bocado e tivemos uma briga grande, caí da escada, parti a perna e fui para uma casa abrigo". João acrescentou ainda às palavras de Mariana: "Mas foi só discussão verbal". Aliás, o acusado diz desconhecer os factos que estiveram na base de outras acusações de violência doméstica que lhe são imputadas. 

Agora, o casal diz-se disposto a tudo para reaver as filhas, mas falta-lhes uma casa. Mariana e João asseguram que procuram casa diariamente, mas não encontram nenhuma habitação cuja renda consigam pagar. Contactada pelo SIC, a autarquia diz que nunca existiu qualquer pedido de apoio nem existiu qualquer candidatura para habitação municipal. É ainda "mentira" que as gémeas estivessem fechadas em casa. De acordo com o pai, "costumavam sair com ele para almoçar", ao que Mariana acrescentou ainda "que as meninas até iam aos chineses comprar as coisinhas delas".

Passados cinco meses, João conseguiu encontrar trabalho na Junta de Freguesia, mas Mariana está ainda dependente da legalização da sua situação. 

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