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António Joaquim: "É angustiante olhar para porta que parece uma parede"

O amante de Rosa Grilo recorda que foi "angustiante olhar para uma porta que parece uma parede, não tem puxador".

António Joaquim: "É angustiante olhar para porta que parece uma parede"
Notícias ao Minuto

15:15 - 08/01/20 por Filipa Matias Pereira

País Luís Grilo

António Joaquim, acusado da morte do triatleta Luís Grilo, em coautoria com Rosa Grilo recordou, em entrevista à SIC, o momento em que foi detido preventivamente e viu a sua liberdade ser coartada. "É angustiante olhar para uma porta que parece uma parede, não tem puxador".

O amante de Rosa Grilo foi detido preventivamente, em setembro de 2018, e assim permaneceu até que o juiz revisse a sua medida de coação e lhe permitisse aguardar em liberdade a leitura do acórdão. Detido numa prisão de alta segurança, António Joaquim recorda que "o primeiro impacto é estar fechado num espaço pequeno e olhar para uma porta que não tem puxador para abrir".

O acusado partilhava o espaço com "pessoas indiciadas, outras acusadas, de crimes sexuais, homicídio e violência doméstica". E era com estes detidos que partilhava, inclusive, um "pátio muito pequeno. Era complicado ter 15 ou mais pessoas naquele espaço, causava atritos". Aliás, quanto à relação com os outros detidos, o suspeito do homicídio confessou ao canal de televisão de Paço de Arcos que "pontualmente" teve "problemas" porque foi "conotado com crimes sexuais".

Durante esses 14 meses, recebeu visitas de familiares e amigos e foi nas palavras da mãe que encontrou o alento para aguentar: "Dizia-me para ter calma e acreditar que se ia fazer justiça".

Explicar a situação aos filhos também não foi tarefa fácil. Nas palavras de António Joaquim, "é difícil de explicar a uma criança de sete anos que nem tudo o que passa na comunicação social corresponde à verdade dos factos". Já ao filho de 14 anos "é um pouco mais fácil" e "explica-se que a polícia, o Ministério Público e o tribunal tentam fazer o seu trabalho".

Desde que está em liberdade, já frequentou diversos espaços públicos, mas sente-se "observado. Poderá ser só uma sensação que não corresponde à verdade, mas sinto que as pessoas demoram-se mais a olhar para mim".

A acusação do MP atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre Luís Grilo, na presença de Rosa Grilo, no momento em que o triatleta dormia no quarto de hóspedes na casa do casal, na localidade de Cachoeiras, Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa).

O crime, que ocorreu em 15 de julho de 2018, terá alegadamente sido cometido para poderem assumir a relação amorosa e beneficiarem dos bens da vítima - 500.000 euros em indemnizações de vários seguros e outros montantes depositados em contas bancárias tituladas por Luís Grilo, além da habitação.

O corpo foi encontrado com sinais de violência e em adiantado estado de decomposição, mais de um mês após o desaparecimento, a cerca de 160 quilómetros da sua casa, na zona de Benavila, concelho de Avis, distrito de Portalegre.

Em 26 de novembro, o MP pediu no Tribunal de Loures penas acima dos 20 anos de prisão para Rosa Grilo e António Joaquim.

Nas alegações finais do julgamento, o procurador do MP, Raul Farias, defendeu perante o tribunal de júri penas acima dos 20 anos e meio de cadeia para os arguidos, sustentando que ambos planearam, delinearam e executaram um plano com vista a matar a vítima, para, segundo a acusação, assumirem a relação extraconjugal e ficarem com cerca de 500.000 euros provenientes de seis seguros.

O procurador admitiu que a prova pericial e testemunhal contra António Joaquim "é zero", sustentando, no entanto, que foi o arguido quem efetuou o único disparo que matou Luís Grilo, quando este se encontrava na sua casa nas Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira, na madrugada de 16 de julho de 2018, baseando-se apenas nas declarações da arguida Rosa Grilo.

O procurador justifica esta conclusão com o facto de a arguida "não saber disparar" uma arma e também por "desconhecer como é que o marido foi morto", pois esta afirmou ter ouvido dois tiros quando a autópsia confirma que Luís Grilo foi morto com um disparo apenas.

Rosa Grilo e António Joaquim conhecem o acórdão em 10 de janeiro de 2020, pelas 14h00.

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