"É absurda esta tentativa de o mostrar como um perigoso criminoso"
Ana Gomes comentou o caso Rui Pinto no espaço habitual de comentário na SIC Notícias.
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País Rui Pinto
Ana Gomes falou, no seu espaço de comentário habitual na SIC Notícias, sobre o caso Rui Pinto, no dia em que começou a fase de instrução do processo em que o hacker português é acusado de quase 150 crimes.
"Tanto quanto eu percebo vai haver julgamento, pode ser por alturas de março, e era isso, certamente, que os advogados de defesa de Rui Pinto pretendiam", começou por referir a ex-eurodeputada, acrescentando que, com a abertura de instrução, a defesa do pirata informático queria discutir "questões de direito que têm a ver com a acusação dos 147 crimes". Um número de crimes "que mostra o encarniçamento do Ministério Público" contra o criador do Football Leaks.
Ana Gomes, uma das vozes que se tem manifestado na defesa de Rui Pinto diz não ter "muitas dúvidas" que a "decisão será no sentido de prosseguir para julgamento", sendo evidente que nesta fase o hacker falará.
"O que vejo é que o objetivo era poder mantê-lo em preventiva porque se chegasse o dia 19 de janeiro terminaria o prazo da prisão. Se ela não for antes revalidada pela decisão de ir a julgamento ele teria de ser solto", relembrou, considerando que "o objetivo de muita gente é mantê-lo preso porque têm muito medo do que ele venha a dizer".
Questionando o que é a Doyen e levantando algumas questões sobre o fundo, Ana Gomes afirma que "o único crime dos tais 147 que justificaria a prisão preventiva era o de tentativa de extorsão". E deixa uma questão: "Quantos outros indivíduos acusados de extorsão na forma tentada estão ou estiveram em prisão preventiva nos últimos 20 anos?" "Há aqui alguns aspetos de encarniçamento que são muito preocupantes", reiterou.
O que a Justiça devia fazer?
Já sobre o que a justiça portuguesa devia fazer, a ex-eurodeputada é peremptória: levar Rui Pinto o quanto antes a tribunal. "É um absurdo mantê-lo preso. É absurda esta tentativa de o mostrar como um perigoso criminoso, levando-o algemado", destacou.
Para Ana Gomes, "era justo que nós tivéssemos notícia que a justiça portuguesa estava a investigar os crimes que ele expôs", acrescentando que outros países já iniciaram investigações sobre estes, "algumas delas paradas porque ele foi preso".
De lembrar que em 19 de setembro, o Ministério Público acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, do fundo de investimento Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.
Rui Pinto sabe a 13 de janeiro, pelas 14 horas, se vai a julgamento.
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