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Após a invasão, "cada vez que o Sporting perde um jogo, fico com medo"

O futebolista Stefan Ristovski contou hoje que os elementos que entraram no balneário da academia de Alcochete disseram "isto vai ser a vossa última chance, não podem jogar desta maneira", relatando o "caos" vivido e agressões a colegas.

Após a invasão, "cada vez que o Sporting perde um jogo, fico com medo"
Notícias ao Minuto

16:34 - 10/12/19 por Lusa

País Stefan Ristovski

O lateral-direito do Sporting foi ouvido esta tarde na 11.ª sessão do julgamento da invasão à academia 'leonina', em 15 de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, com 44 arguidos, incluindo o antigo presidente do clube Bruno de Carvalho.

"Depois deste incidente fiquei sempre com medo. Ainda hoje, cada vez que o Sporting perde um jogo, fico com medo que isto se volte a repetir", assumiu Ristovski.

O internacional macedónio explicou que estava na sala onde se guardam as chuteiras quando viu "quatro a cinco pessoas do lado de fora, com a cara tapada, a baterem na porta e a fazerem tudo para entrar", enquanto "gritavam e faziam ameaças como 'vamos matar-vos'".

O jogador, de 27 anos, indicou que ainda tentaram fechar a porta do balneário, mas que entraram 15 a 25 pessoas no edifício e entre 10 a 15 elementos no vestiário, lembrando-se de ter visto uma pessoa "com um dente dourado, com barba" e duas pessoas "de raça negra". Confrontado com fotos que constam dos autos, o jogador conseguiu hoje identificar o arguido com o dente dourado.

"Quando entraram, tentaram perceber quem é que se encontrava onde, quem estava em pé. Eu estava de pé, ao mau lado estava o Acuña, sentado, começaram a gritar uns palavrões. Nesse momento, percebemos a intenção. O Acuña foi agredido com chapadas na cara e na cabeça. Ele tentou evitar, mas não conseguiu, pois estavam quatro a cinco pessoas de volta dele", descreveu Ristovski.

O grupo, acrescentou, dividiu-se: uns elementos foram para um lado e outros para o outro lado do balneário.

"Referiram o nome do Acuña e do Battaglia, mas dirigiram-se para todos e disseram: 'isto vai ser a vossa última chance, não podem jogar desta maneira'", contou o jogador.

Além da agressão ao internacional argentino Marcus Acuña, o defesa disse ter assistido às agressões a Rodrigo Battaglia.

"Vi a agressão ao Battaglia, que se encontrava no fundo do balneário, onde estavam quatro a cinco pessoas, mas não vi bem, pois estava a tentar proteger-me para também não ser agredido. Não presenciei, não vi as agressões aos outros jogadores porque naquele momento havia um grande caos no balneário", afirmou a testemunha.

Ristovski, que foi ouvido por videoconferência a partir do Tribunal do Montijo, com recurso a uma intérprete, afirmou que os atletas ficaram sem reação.

"Ninguém tentou sair [do balneário]. Ficámos paralisados dentro do balneário, de braços cruzados à espera de sermos agredidos. Só meia hora depois é que saímos do balneário, porque tínhamos medo que ainda estivessem destas pessoas, e ficámos à espera que nos viessem dizer alguma coisa", explicou o internacional macedónio, que declarou não ter sido agredido.

Ristovski viu uma pessoa com uma tocha, que não consegue reconhecer, mas relatou que o balneário ficou "cheio de fumo".

De acordo com o seu testemunho, os invasores "agrediram, partiram o balneário" e saíram.

Durante a invasão, firmou ainda recordar-se de frases ditas pelos elementos como: "têm de mostrar respeito, têm de jogar melhor".

Após o ataque, levado a cabo em 15 de maio de 2018, o defesa enviou a família para o seu país.

"Mandei a mulher e a filha para a Macedónia, eu fiquei alojado num hotel e no final do jogo [final da Taça de Portugal, disputada no domingo seguinte] fui ter com eles", revelou.

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