Há professores nos Açores a trabalhar 50 horas por semana, diz sindicato
O Sindicato dos Professores da Região Açores (SPRA) disse hoje que há docentes na região a trabalhar cerca de 50 horas por semana, devido à implementação do decreto legislativo regional da autonomia e gestão flexível dos currículos.
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País Sindicato
"Temos docentes que se queixam que, durante semanas seguidas, têm trabalhado uma média de 50 horas semanais, o que é fácil atingir porque em cima das 35 [horas] estão as inúmeras reuniões que têm sido feitas nas escolas e também as formações", afirmou, em conferência de imprensa, o coordenador do SPRA nos Açores, António Lucas.
Além de 26 horas de componente letiva, os docentes têm nove horas para prepararem aulas, para corrigirem testes e trabalhos dos alunos e para participarem em reuniões nas escolas, mas, segundo António Lucas, nos últimos meses, as reuniões "têm aumentado significativamente" e os docentes têm trabalhado muito além das 35 horas.
"Os professores, fruto da implementação apressada do decreto legislativo regional da autonomia e gestão flexível dos currículos e da própria portaria da avaliação do ensino básico, que foi publicada já no fim do ano escolar passado, estão absolutamente assoberbados de trabalho", salientou.
A autonomia e gestão flexível dos currículos começou a ser implementada, este ano letivo, nas escolas dos Açores, nos 1.º, 5.º e 7.º anos, mas o dirigente sindical alega que houve "falta de bom senso" do executivo açoriano nos prazos definidos, salientando que "a educação não se compadece com prazos eleitorais e necessita de tempo para a implementação de novas práticas e para a consolidação dessas mesmas práticas".
"O Governo [Regional] pretende fazer a implementação de todas as coisas que são inerentes ao próprio decreto legislativo no último ano de legislatura e daí a sobrecarga de trabalho", acusou, lembrando que o sindicato já tinha alertado o executivo aquando da aprovação do decreto legislativo regional.
Além das reuniões, os docentes "têm tido sistematicamente formações, no âmbito da gestão flexível do currículo, mas também no âmbito dos inúmeros programas a que as escolas aderiram e outras que, de alguma forma, foram impostas pela Secretaria Regional da Educação", segundo António Lucas.
O coordenador do SPRA admitiu que a implementação das mudanças curriculares não pode ser adiada, nesta fase, mas pediu algum equilíbrio na carga horária das formações, alegando que o excesso de trabalho pode mesmo colocar em causa a qualidade do ensino.
António Lucas apelou aos docentes para que adiram à greve ao excesso de trabalho que decorre durante todo o ano letivo.
"Uma vez que está em vigor um pré-aviso de greve da Fenprof [Federação Nacional dos Professores] ao sobretrabalho, consideramos que as formações estão abrangidas por este pré-aviso de greve", apontou.
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