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Arcebispo de Évora preocupado com despovoamento da região

O arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, mostrou-se hoje preocupado com o despovoamento, que é "cada mais evidente" na área da sua arquidiocese, e defendeu a existência de "um tratamento específico positivo" para o interior.

Arcebispo de Évora preocupado com despovoamento da região
Notícias ao Minuto

16:57 - 04/12/19 por Lusa

País Évora

"Se prosseguirmos neste caminho, vamos desaguar numa dimensão catastrófica do interior", que será "apenas de passagens e em visita" e "aonde não vamos ter a possibilidade de encontrar, senão na emigração, mão de obra", alertou.

O prelado falava, em Évora, numa conferência de imprensa que serviu para a apresentação do primeiro documento produzido pela recém-criada Comissão Justiça e Paz desta arquidiocese, o qual reflete sobre o despovoamento e o surgimento de migrantes.

Senra Coelho apontou a necessidade de se "inverter o statu quo", referindo que já existem "localidades aonde os centros sociais não conseguem recrutar funcionários para os seus centros de dia, serviços de apoio domiciliário e de apoio permanente aos idosos".

"Esta questão é muito sintomática quando o interior se transforma numa reserva para os idosos e aonde já começa a ser difícil encontrar servidores para o próprio acompanhamento dos idosos", realçou.

Nesse sentido, o arcebispo de Évora defendeu que "o interior merece um tratamento específico positivo", tal como "já tem a insularidade", com um conjunto de iniciativas que "facilitassem a nível fiscal e incentivassem" a instalação de empresas.

"O interior não pode ser considerado como um peso, mas tem que ser considerado como uma possibilidade e [espero] que este desafio seja concretizado, porque o interior é possibilidade em aberto", acrescentou.

Sobre a presença de migrantes no Alentejo, Francisco Senra Coelho considerou que "era importante que houvesse uma atenção" ao seu acolhimento por parte do Estado para se "perceber como são inseridos".

"Os serviços competentes devem, no nosso modo de ver, acompanhar com delicadeza, porque é um tema vasto e muito complexo, é um tema internacional, e pode envolver inclusivamente redes de máfias de comércio humano", salientou.

No documento, a Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Évora revela ter feito "o enquadramento sociocultural, económico, educacional, infraestrutural, político e religioso, no passado e na atualidade" para "identificar as razões pelas quais as pessoas saíram e saem da região".

"O êxodo da população deveu-se, sobretudo, à busca de melhores salários e condições sociais", aponta, notando que "dificilmente a população voltará do litoral para o Alentejo, apesar das evidentes alterações de qualidade de vida que foram alcançadas nas últimas décadas" na região.

A comissão arquidiocesana propõe "acolher e integrar, da melhor forma possível, os migrantes que escolhem o Alentejo para viver e trabalhar" e que, nesse aspeto, "a Igreja pode ser um parceiro privilegiado neste acolhimento".

"A desmistificação de alguns tabus relacionados com outras religiões, a ajuda na aprendizagem da língua portuguesa, o apoio escolar e sanitário, o dar a conhecer os nossos costumes e rituais e o apoio ao conhecimento de direitos dos migrantes são tarefas que podem fazer a diferença na retenção de pessoas na região e que o seu acolhimento seja o mais caloroso humano e fraterno possível", conclui.

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