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OM lança livro para elevar relação médico-doente a património imaterial

Um livro com 81 testemunhos e reflexões sobre a valorização e preservação da relação médico-doente pretende dar um contributo para elevar esta "relação milenar" a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.

OM lança livro para elevar relação médico-doente a património imaterial
Notícias ao Minuto

10:41 - 24/11/19 por Lusa

País UNESCO

A obra 'A relação médico-doente: um contributo da Ordem dos Médicos', lançada na segunda-feira, em Lisboa, reúne um conjunto de reflexões sobre a dimensão humana da Medicina e resulta do empenho da Ordem dos Médicos (OM) na candidatura da relação médico-doente à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, que assina o prefácio, afirma que o livro "vem chamar a atenção para aquilo que é a relação médico-doente e a importância que isso tem na saúde das pessoas".

Para preservar esta relação humana "extraordinariamente importante", a OM associou-se há alguns anos à sua congénere espanhola para iniciar um processo para que a relação médico-doente seja considerada Património Imaterial da Humanidade da UNESCO".

Ao longo das 385 páginas, "médicos e não médicos dão o seu testemunho ou fazem a sua própria reflexão" sobre as "várias dimensões" da relação médico-doente, constituindo "um contributo importante para se perceber que esta relação tem de ser preservada", sublinha o bastonário.

No prefácio, Miguel Guimarães defende que "uma medicina personalizada não se traduz apenas no medicamento feito à medida (...), tem que ser centrada na pessoa e ter espaço para a empatia e a compaixão".

"Com tempos de consulta reduzidos, salas de espera cheias e dezenas de indicadores para cumprir, o risco de nos perdermos na doença, esquecendo o doente, é bem real", alerta, defendendo ser preciso "um esforço consciente" para evitar que isso aconteça.

O bastonário afirma que "os médicos não querem ser reduzidos a operadores de tecnologias de saúde", defendendo que "a relação que se estabelece entre cada médico e cada doente é única e irrepetível", porque os médicos cuidam e tratam de pessoas e não apenas de doenças ou sintomas.

"Não podemos permitir que a relação médico-doente se torne um desencontro mediado por tecnologias, sem qualquer humanismo. Não podemos aceitar que, para se obter a máxima eficiência estatística, se sacrifique o tempo necessário para a construção de uma relação de confiança entre duas pessoas", vincou.

Foi com esta preocupação que a OM se associou ao projeto de candidatura que visa, "além do reconhecimento do valor cultural e social desta relação, defendê-la das ameaças a que está sujeita, resultantes de "pressões administrativas, burocráticas, tecnológicas, económicas e políticas".

O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes pretendeu deixar no livro "um contributo político" para esta "nobre causa" que apoiou "desde o primeiro instante" como ministro, mas também como cidadão e médico.

"A eficácia dos diagnósticos e da intervenção terapêutica tem vindo a menorizar a importância da relação interpessoal desvalorizando o tempo da palavra e do diálogo", que "passou a ser considerado, na maior parte das vezes, como um fator de desperdício ou até mesmo de ineficiência", afirma o ex-ministro.

No seu entender, "a consagração" desta relação pela UNESCO constituirá "um reconhecimento justo ao valor da medicina, enquanto ciência, que se expressa e realiza no conteúdo humano da relação entre pessoas, entre conhecimento e necessidade, entre sabedoria e vulnerabilidade".

O preâmbulo do livro é assinado pelos ex-bastonários da Ordem dos Médicos António Gentil Martins, Carlos Ribeiro, Germano de Sousa, Pedro Nunes e José Manuel Silva.

A obra conta com testemunhos e reflexões de personalidades como Álvaro Carvalho, Maria Filomena Mónica, Constantino Sakellarides, José Fragata, Júlio Machado Vaz, José Manuel Jara, José Poças, Maria do Céu Machado, Paolo Casella, Miguel Oliveira da Silva, Mário Moura.

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