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"Inquietação". Portugal a uma só voz no 'adeus' a José Mário Branco

Políticos, cantores e artistas juntam-se no reconhecimento e homenagem ao incontornável músico português que morreu na terça-feira, aos 77 anos. As cerimónias fúnebres de José Mário Branco começam esta quarta-feira, a partir das 17h00, no salão nobre da Voz do Operário, em Lisboa, sendo o funeral na quinta-feira à tarde.

"Inquietação". Portugal a uma só voz no 'adeus' a José Mário Branco
Notícias ao Minuto

08:50 - 20/11/19 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País José Mário Branco

José Mário Branco morreu esta terça-feira aos 77 anos mas a sua arte ficará para sempre. Esta é a mensagem que políticos, partidos, cantores, autores e artistas quiseram deixar no dia em que um dos mais importantes cantautores da música portuguesa partiu, fazendo referência à resistência e à convicção que sempre demonstrou. 

Marcelo Rebelo de Sousa reagiu, ainda na manhã de ontem, na antena da RTP, à morte de José Mário Branco. "Consternação, reconhecimento e gratidão" foram as palavras que o Presidente da República usou para se referir ao autor, acrescentando que tentou que este fosse condecorado em vida, "mas ele, com a sua independência, sempre recusou". Agora, é algo que dependerá da vontade "da família", fez sobressair o Chefe de Estado.

Por sua vez, o primeiro-ministro António Costa lembrou o cantautor, recordando o "grande militante político" que traduziu na música essa militância e expressão. Já no Twitter, o líder do Governo tinha escrito: "Não esqueceremos a sua música, a sua inquietação."

Eduardo Ferro Rodrigues manifestou-se consternado com a notícia da morte de José Mário Branco, considerando que foi um "antifascista", um dos maiores nomes da canção portuguesa e uma "figura ímpar da música de intervenção". O presidente da Assembleia da República considerou que, para memória futura, ficarão "álbuns incontornáveis da música portuguesa". 

A ministra da Cultura foi outra das personalidades que recordou o cantautor no dia da sua morte. Numa mensagem publicada na conta oficial do Ministério, na rede social Twitter, Graça Fonseca considerou que José Mário Branco é um "nome maior da música portuguesa" e uma "voz de luta e de intervenção".

Também os partidos políticos mais à Esquerda foram unânimes no reconhecimento ao músico. O Bloco de Esquerda, do qual José Mário Branco foi dirigente, prestou homenagem destacando o "artista, cantor e compositor" e também "um lutador político antifascista e combatente contra as opressões e as desigualdades". 

Francisco Louçã foi uma das figuras ligadas ao partido que elevou a sua voz na lembrança ao músico. Ressalvou, no Facebook: "não houve nem haverá muitos mais como ele e só posso lembrá-lo como um dos homens mais genuínos que tive a sorte de conhecer e de partilhar ideias e projetos".

O Partido Socialista, pela voz de Ana Catarina Mendes, lamentou "profundamente a morte de José Mário Branco pelo enorme vazio que deixa na cultura portuguesa, pela luta que travou na resistência antifascista, pela convicção num mundo solidário e justo, pelo legado que deixa às novas gerações". A líder parlamentar do PS disse ainda que o autor é "um símbolo da resistência antifascista" e um "exemplo para a geração de Abril". 

Jerónimo de Sousa referiu-se a José Mário Branco como o músico que "transformou a canção numa arma" depois de 25 de Abril. O secretário-geral do PCP manifestou ainda as suas "condolências à família" e salientou que a morte do músico é "uma perda para a cultura" e para o país.

O Partido LIVRE lamentou a morte do músico, afirmando que para artistas da sua dimensão "a morte nunca existirá" e que "resistir é vencer". "Para figuras da dimensão de José Mário Branco, a morte nunca existirá", sublinhou em comunicado.

Quanto aos dirigentes do Partido Ecologista Os Verdes, manifestaram "profundo pesar" pela morte do músico José Mário Branco, falecido aos 77 anos, dizendo que "o mundo da cultura fica mais pobre".

Também a  CGTP não ficou de fora e lembrou que o autor "participou solidariamente em muitas das ações e iniciativas promovidas" pela central sindical.  Foi "com profundo pesar” que recebeu a notícia sobre o “falecimento de uma das figuras maiores da nossa cultura".

Artes choram partida de José Mário Branco 

"Tenho uma dor muito profunda, de repente esta morte súbita. Sempre fomos extremamente leais. Nunca houve um desentendimento. [...] As nossas vidas tocaram-se muito e tocaram-se em muitas aventuras criativas e pessoais". Sérgio Godinho, em afirmações emotivas à agência Lusa, recordou aquele que foi um dos seus "irmãos de armas".

Já o fadista Camané, que tinha José Mário Branco como produtor, falou num "grande compositor e músico fantástico", lembrando "um dos melhores compositores e melhores artistas e intérpretes da música portuguesa".

O contrabaixista Carlos Bica, defendeu que José Mário Branco "foi e continua a ser um dos melhores compositores portugueses de todos os tempos", referindo que guardará "para sempre", na memória e no coração, "a pessoa excecional que ele foi".

Cristina Branco, Linda Martini, Carlão, João Pedro Pais, os Amor Electro, os Anaquim, os Lavoisier, Elísio Donas e os artistas de hip hop Capicua, Nerve, Virtus, Mundo Segundo e Cálculo, foram outros dos nomes do panorama musical que juntaram as suas vozes no tributo ao artista. 

Entre as muitas homenagens e testemunhos deixados por figuras e instituições públicas nas redes sociais contam-se ainda os do escritor Francisco José Viegas, do argumentista Filipe Homem Fonseca, do jornalista Carlos Vaz Marques, do psiquiatra Júlio Machado Vaz, do festival Iminente, do Museu do Fado, da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLAB), do fotojornalista João Pina, do artista Alexandre Farto (Vhils), do ator Nuno Lopes e dos humoristas Nuno Markl e Bruno Nogueira. 

José Mário Branco é um dos mais importantes autores da música portuguesa e deixa um legado de 50 anos de música de inquietação, interventiva e militante. 

Nascido a 25 de maio de 1942, no Porto, José Mário Branco foi um renovador da música portuguesa, em particular a partir dos anos imediatamente anteriores à Revolução de Abril de 1974, e cujo trabalho se estendeu também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.

Exilou-se em França, em 1963, depois de perseguido pela PIDE, a polícia política da ditadura, militante comunista que se opôs ao regime ditatorial de Salazar e a uma participação na guerra colonial, e só regressou a Portugal depois da Revolução de Abril.

As cerimónias fúnebres do músico começam hoje, decorrendo no salão nobre da Voz do Operário das 17h00 às 22h30 e amanhã a partir das 11h00. O funeral parte para o cemitério do Alto de São João pelas 17h30 de amanhã.

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