O amianto, fibra presente em muitos edifícios públicos e privados no país, tem marcado a agenda noticiosa e política. Recentemente, para lá da SOS Amianto, foi criada outra plataforma que junta o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), a Fenprof e a ZERO.
A preocupação é a mesma: o impacto na saúde de quem frequenta esses edifícios. E a meta também: a retirada do fibrocimento de todos os locais onde ainda está presente.
Mas sabe realmente o que é e como lidar com o problema?
A Deco Proteste explica quais os perigos do amianto e quais os riscos associados, frisando que esta fibra por si só "não é uma ameaça".
O que é o amianto?
O amianto é uma fibra natural proveniente de vários minerais e a sua perigosidade para a saúde reside na inalação das suas fibras. Existem seis variedades de amianto e todas podem causar fibrose pulmonar, cancro do pulmão e mesotelioma – tumor maligno localizado ao nível da pleura, peritoneu e pericárdio – mas têm diferentes graus de perigosidade.
Assim, o risco de aparecimento da doença vai depender não só do tipo e da dimensão da fibra, mas também da sua concentração e do tempo de exposição.
A Deco ressalva que a presença de amianto num edifício não constitui, por si só, um risco para a saúde. O perigo está associado à danificação de materiais que o contêm, pelo potencial de libertação de fibras, inalação e posterior alojamento nos pulmões. Se o material estiver em boas condições, o melhor é mantê-lo, evitando tocar-lhe.
Mas se estiver a desagregar-se, com a libertação de fibras, os riscos para a saúde são maiores. Caso os danos sejam ligeiros, aconselha-se o acesso limitado à área, para evitar a manipulação e o aumento da danificação.
Consequências para a saúde?
Depois de inaladas, as fibras alojam-se nos pulmões onde podem permanecer durante décadas e causar danos irreversíveis.
As consequências da inalação deste tipo de materiais podem surgir entre 10 a 60 anos após o contacto. Quando as fibras estão fracamente ligadas no material devido à friabilidade ou condução desse produto o risco de libertação aumenta.
Já nos casos em que as fibras estão fortemente ligadas num material não friável diminuem as probabilidades de libertação.
O que fazer na presença de amianto?
Além dos edifícios públicos como escolas, hospitais, teatros, muitas casas particulares podem incluir materiais com amianto.
A sua identificação, explica a defesa do consumidor, é obrigatória em edifícios sujeitos a obras de renovação ou demolição. Assim, se vai remodelar a casa, tenha em conta este aspeto, tanto por razões de saúde como por razões legais.
Verificando o estado de conservação dos materiais com amianto, e reforçando que se estiverem intactos o melhor é não mexer, "é necessária proteção para limpar estas superfícies".
A Deco dá o exemplo da limpeza de caleiras de uma cobertura de fibrocimento, situação que "acarreta alguns riscos". Quem fizer a limpeza deve estar equipado com elementos de proteção - fato-macaco descartável e com capuz ou fato-macaco impermeável caso chova e botas que possam ser descontaminadas (sem atacadores).
Remoção tem de ser feita por especialistas
Caso não haja a intenção de fazer obras mas exista a desconfiança de que algum material contém amianto é necessário verificar o estado de conservação.
Na presença de fissuras ou desgaste é necessário pedir uma avaliação a uma empresa especializada e proceder à substituição dos elementos danificados caso as suspeitas se confirmem.
Em áreas relativamente pequenas e pouco danificadas, a totalidade das placas de fibrocimento pode ser pintada com uma tinta plástica de elevado poder de cobertura, que fará com que as fibras de amianto continuem agregadas à placa, evitando a sua libertação.
A Deco frisa que a remoção dos materiais com amianto tem de ser feita por especialistas e que os materiais contaminados devem ser retirados inteiros e os resíduos aspirados.
Por isso, antes de contratar qualquer empresa, a defesa do consumidor aconselha-o a perguntar como vão realizar o trabalho, "para ter a certeza de que estão conscientes da complexidade da operação".
Quem limpa depois os resíduos?
Os resíduos contendo amianto têm de ser devidamente identificados e colocados em células específicas para tratamento de resíduos perigosos, sendo o acondicionamento, transporte e deposição final uma competência da empresa que contratar.
Após a remoção de materiais com fibras de amianto a entidade que a concretizou deve garantir que a área fica totalmente livre de poeiras e partículas de amianto em todas as estruturas, equipamentos e zona envolvente.