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Tutela aberta a proposta para agilizar investigação em cancro pediátrico

O secretário de Estado da Saúde desafiou hoje a Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC) a apresentar uma proposta para agilizar a capacidade de Portugal participar em ensaios internacionais de oncologia pediátrica.

Tutela aberta a proposta para agilizar investigação em cancro pediátrico
Notícias ao Minuto

20:40 - 08/11/19 por Lusa

País Saúde

António Sales falava no encerramento do encontro sobre investigação em cancro pediátrico que hoje juntou na Fundação Calouste Gulbenkian médicos oncologistas, investigadores e associações de apoio a doentes, respondendo ao repto lançado pelo presidente da ASPIC para que exista uma estrutura própria de recursos humanos para ser possível agilizar este processo.

"Convido-o a trazer uma proposta concreta para que a tutela possa analisar e para que possamos, eventualmente, trazer novidades quando for o Dia Mundial do Cancro Pediátrico, em fevereiro", disse António Sales.

Reconhecendo que o cancro pediátrico não deixa ninguém indiferente e que é uma doença que tem ainda "um grande impacto social", António Sales sublinhou: "Temos a obrigação de tudo fazer para devolver a estas crianças o sonho adiado".

O governante elogiou o trabalho dos três centros de referência para o cancro pediátrico -- Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, Hospital Pediátrico de Coimbra e IPO de Lisboa -, a que chamou "as joias da coroa", e reconheceu o "esforço hercúleo que estas instituições têm feito para o registo no sentido de promover dados nacionais" desta doença.

"É preciso tornar mais fluido este processo", afirmou António Sales, sublinhando ainda que Portugal não pode "perder o comboio da investigação científica".

"O conhecimento avança e os doentes oncológicos não podem esperar pela desejada validação [dos ensaios] em idade adulta", defendeu.

Antes de António Sales, já o presidente da ASPIC, Luís Costa, tinha sublinhando a necessidade de "maior atenção à investigação" em oncologia pediátrica.

"Há três áreas muito importantes que precisam de melhor atenção na investigação: Nem todas as nossas crianças são curadas e é preciso perceber porque alguns não conseguem beneficiar ainda da ciência como seria de esperar; das que conseguem ser curadas, pelo menos um terço têm consequências graves e outras terão outras consequências, e depois estudar quais são as causas do cancro pediátrico e o que podemos fazer".

"Temos de estudar como podemos curar crianças e não serem portadores de consequências graves. A sua produtividade para a sociedade é muito importante", sublinhou o especialista.

Luís Costa reconheceu ainda que "o ambiente de investigação em cancro na pediatria é sobretudo um ambiente académico, não tem estrutura de base de apoio para submissão e tradução do consentimento informado que existe nos ensaios apoiados pela indústria farmacêutica".

"É preciso fazer uma proposta à tutela para ver se, com alguma estrutura de recursos humanos, poderia ser possível ou não ter essa agilização e essa capacidade de participar nos ensaios académicos a nível internacional", afirmou.

"Suponho de haverá abertura da tutela para estudar para que depois possa ser concretizado. Se conseguíssemos isso a sociedade agradece, as crianças agradecem, e os pais destas crianças também", acrescentou, sublinhando que o cancro pediátrico "não tem sido suficientemente apoiado pelas diferentes organizações".

Durante a conferência foram apresentados dois inquéritos, um que indica que os investigadores que trabalham na área da oncologia pediátrica em Portugal estudam sobretudo as leucemias agudas e os tumores cerebrais e que metade não tem fundos para desenvolver a sua atividade, e outro, aos pais de crianças com cancro e ex-doentes, que conclui que a investigação nesta área é "manifestamente insuficiente" no país.

Em Portugal são diagnosticados cerca de 400 casos/ano de cancro em crianças.

O encontro na Fundação Calouste Gulbenkian, organizado sob a chancela da ASPIC, contou na comissão organizadora com a Acreditar - Associação de Pais e Amigos das Crianças com Cancro, da Fundação Rui Osório de Castro, a Sociedade de Hematologia e Oncologia Pediátrica e de diversos investigadores nacionais na área do cancro pediátrico, e com o patrocínio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

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