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Gonçalo Byrne defende que sustentabilidade deve ser ensinada nas escolas

O arquiteto Gonçalo Byrne defendeu hoje que a sustentabilidade do planeta é uma questão "grave e urgente", que deveria ser incluída no ensino a partir da escola pré-primária porque "tem a ver com a cidadania".

Gonçalo Byrne defende que sustentabilidade deve ser ensinada nas escolas
Notícias ao Minuto

17:02 - 04/11/19 por Lusa

País Sustentabilidade

O arquiteto vai doar um acervo pessoal composto por 160 projetos à Casa da Arquitetura, em Matosinhos, anunciou hoje a entidade, que irá formalizar a doação numa cerimónia marcada para sábado.

Contactado pela agência Lusa sobre esta doação, Gonçalo Byrne, arquiteto de 78 anos e ainda ativo no seu atelier, em Lisboa, apontou que "o legado mais importante de um arquiteto é a sua obra edificada, mas também é importante que os projetos fiquem acessíveis para exposições e investigação".

"Pareceu-me bom que ficassem na Casa da Arquitetura porque estão a fazer um trabalho importante e muito positivo. As condições são excelentes e a sua gestão futura dá garantias", explicou, sobre o convite daquela entidade.

No entanto, confessou à Lusa que, por um lado, lhe custa fazer um legado ainda em vida, até porque o seu atelier continua ativo.

Questionado sobre a emergência climática que tem sido amplamente discutida em todo o mundo, e o contributo que os arquitetos podem dar para a proteção do planeta, Gonçalo Byrne considerou que esta questão "é de tal forma urgente e abrangente, devido à sua gravidade, que vai para além do âmbito da construção e da arquitetura, e preocupa toda a gente".

"Há arquitetos que dizem que um bom projeto resolve tudo, mas eu não concordo com essa ideia. Temos que mudar de paradigma porque a pegada ecológica da construção deve ser bem avaliada", defendeu.

Para o arquiteto, esta questão "deveria começar a ser discutida na escola pré-primária já que tem a ver com a cidadania, e deve ser falada nos primeiros níveis do ensino, de tal modo grave e urgente que é".

O acervo de Byrne irá juntar-se a projetos que a Casa da Arquitetura já acolheu desde a inauguração, há dois anos, doados, nomeadamente, por Eduardo Souto de Moura, João Álvaro Rocha, Pedro Ramalho, Francisco Melo e Jorge Gigante.

Gonçalo Byrne é autor, entre outros, dos projetos da Reitoria da Universidade de Aveiro, do Instituto de Ciências Aplicadas e Tecnologia, em Lisboa, da remodelação de vários espaços do Teatro Nacional D. Maria II, também na capital, do Museu do Mosteiro de Alcobaça, do Museu Industrial da Baleia, nos Açores, do Teatro Municipal de Faro, ou da Cité de La Musique em Genebra, na Suíça.

Fonte da Casa da Arquitetura indicou à agência Lusa que o conjunto de projetos - criados desde os anos 1990 até à atualidade - apresenta diferentes tipologias, desde habitação a planeamento, arquitetura de interiores, equipamentos urbanos, reabilitação e requalificação urbanística, laboratórios, universidades, localizados em Portugal e no estrangeiro.

Para o arquiteto Nuno Sampaio, diretor-executivo da Casa da Arquitetura, a importância da inclusão deste acervo tem a ver com a "produção arquitetónica altamente qualificada, e com trabalho produzido dentro e fora de Portugal" de Gonçalo Byrne.

"O seu nome é uma referência para muitas gerações de arquitetos. Vai ser o primeiro arquiteto de Lisboa a doar a totalidade do seu acervo à Casa da Arquitetura", acrescentou, sobre a base de atividade do arquiteto, com atelier na capital.

Nascido em janeiro de 1941, em Alcobaça, o arquiteto Gonçalo Byrne estudou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) e constituiu gabinete próprio em regime exclusivo a partir de 1975.

Fundou o gabinete GB Arquitetos em 1991, e formou, com o arquiteto Manuel Aires Mateus, o gabinete GBMM Arquitetos Associados, em 1993.

Desde 1970, é membro da Ordem dos Arquitetos e, desde 2008, Membro da Ordem dos Arquitetos da Província de Vicenza, em Itália.

Pertenceu à Direção da Secção Portuguesa da União Internacional de Arquitetos, tendo sido delegado em assembleias mundiais e congressos desta organização.

Foi diretor do Jornal Arquitectos entre 1985 e 1987, e tem obras e trabalhos teóricos editados em publicações nacionais e estrangeiras em Alcobaça, Aveiro, Braga, Cascais, Coimbra, Évora, Funchal, Lisboa, Jesolo (Itália) e Lovaina (Bélgica).

Foi distinguido com o Prémio Piranesi "Prix de Rome", em 2014.

A cerimónia de doação vai decorrer no sábado, às 16h00, no Arquivo da Casa da Arquitetura, e é de entrada livre.

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