“Ela dava-me marteladas nos olhos. Ele mandava-me cinturadas”
António Mestre foi agredido durante quase quatro anos, na sua própria casa, pela inquilina e pelo namorado.
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País Violência doméstica
António Mestre, de 58 anos, foi feito escravo e agredido violentamente durante quase quatro anos, na sua própria casa, pela inquilina e pelo namorado.
As agressões só terminaram quando António caiu na via pública, em Cascais, e foi socorrido pelos bombeiros. Mesmo sem conseguir recuperar da queda, só aceitou entrar na ambulância quando os operacionais se disponibilizaram para levar até à sua residência os garrafões de água que transportava quando caiu.
Aos bombeiros acabou por contar tudo o que se passava. Era obrigado a ir buscar água todos os dias, levava marteladas, estava feito refém na sua própria casa.
Além dos bombeiros, também os médicos, enfermeiros e auxiliares que o atenderam no Hospital de Cascais ficaram chocados com o estado de saúde de António. Estava desidratado, desnutrido, não tinha a higiene feita. Pior. Apresentava inúmeros hematomas, golpes nos braços, marcas de objetos contundentes na cabeça e no tronco, escoriações, lacerações na pele e traumas oculares.
A GNR foi chamada à unidade de saúde e o casal foi detido, tal como o Notícias ao Minuto avançou na altura. A mulher, de 29 anos, já tinha antecedentes criminais por maus tratos, ofensas corporais e tráfico de estupefaciente. O namorado, de 42 anos e natural de Cabo Verde, não tinha cadastro.
Os suspeitos aguardam agora julgamento em prisão preventiva. Já António ficou cego e continua a ter pesadelos com o que passou.
À SIC Notícias, o homem contou o inferno. “Ela dava-me marteladas nos olhos, ele mandava-me cinturadas nas costas. Não sei porque me batiam. São malucos […]. Ela partiu-me as costelas, não tenho conta de quantos paus de esfregonas ela me partiu nas costas”, desabafou.
“Ela pegava em mim e dava-me pontapés no chão, atirava o esparguete para o chão e obrigava-me a comer e eu comia, porque se não, levava outra vez”, acrescentou.
António, que já tinha uma vida marcada pelo alcoolismo e pelas dificuldades financeiras, voltou para uma casa destruída, com fezes pelo chão e sangue nas paredes. A ex-mulher, os filhos e os vizinhos tentam agora ajudar o homem a recuperar o pouco que tinha, mas os maiores desejos de António são outros.
“As únicas coisas que eu adorava é que eles ficassem lá bué da tempo. Adorava. E voltar a ver o que via”, admitiu.
Para breve está marcada uma cirurgia ocular para tentar restituir a visão a António. Já o caso continua em investigação.
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