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Subida de mulheres a lugares de topo na tecnologia "não está a melhorar"

A portuguesa Ana Tavares Lattibeaudiere, que lidera a associação de operadoras móveis GSMA na América do Norte, disse à Lusa que a ascensão de mulheres a lugares de liderança na indústria tecnológica "não está a melhorar".

Subida de mulheres a lugares de topo na tecnologia "não está a melhorar"
Notícias ao Minuto

06:36 - 27/10/19 por Lusa

País GSMA

A executiva portuguesa, que lidera a entidade que representa os interesses das operadoras de redes móveis na América do Norte, falou à margem do Mobile World Congress em Los Angeles (MWC LA 2019), nos EUA, onde decorreu várias iniciativas para promover a participação feminina na indústria.

"A perceção é de que, apesar de tudo o que se está a fazer, isto não está a melhorar", afirmou Ana Tavares, que no ano passado criou o programa Tech4Girls para inspirar jovens mulheres a seguirem carreiras na área tecnológica.

"56% das jovens mulheres nos EUA que têm interesse na tecnologia acabam por não seguir a carreira para a universidade porque não querem ser a única na turma", afirmou a responsável, explicando que esta auto-seleção cria desequilíbrios na oferta de talento quando chega a hora de entrarem no mercado de trabalho.

Os dados do National Center for Women and Information Technology (NCWIT) indicam que apenas 26% das profissões ligadas à tecnologia nos Estados Unidos são ocupadas por mulheres, ao mesmo tempo que há 3,5 milhões de vagas por preencher nestas áreas.

Uma vez que "as carreiras ligadas à tecnologia estão a crescer muito mais depressa do que todas as outras", a ausência de mulheres nestas áreas coloca um risco de exclusão ainda maior no futuro.

De acordo com o mais recente relatório da McKinsey em colaboração com a Lean In, divulgado este mês, a percentagem de mulheres em cargos de liderança nas empresas norte-americanas desceu de 22% em 2018 para 21% em 2019, um sinal que Ana Tavares considerou negativo.

"A parte pior é na progressão, as promoções no início da carreira não existem", frisou a executiva. "Para cada 100 homens que entram numa carreira tecnológica e são promovidos a manager, há 72 mulheres", acrescentou.

O programa Tech4Girls lançado pela GSMA deverá ser alargado à Europa e Ásia e tem como principal foco a educação de raparigas até aos 18 anos, enquanto o Women4Tech, também da associação de operadoras, se foca na identificação de problemas e soluções que podem ser implementados na indústria para reduzir o fosso.

"Começa desde o início. Se elas não progridem na carreira, não há grandes opções para promover no topo", afirmou Ana Tavares. "Há menos mulheres a entrar no início, menos a serem promovidas, portanto quando se chega ao topo, no nível de vice-presidente, são 30% de mulheres e 70% de homens", descreveu.

Para incentivar o desenvolvimento de carreiras de mulheres na indústria tecnológica, o programa da GSMA faz formação de mentores e está a promover o conceito de patrocínios.

"O patrocinador é aquele que 'arrisca o pescoço' pela pessoa, que faz tudo para tentar ajudar a progredir na carreira", explicou a responsável.

Ana Tavares chegou à GSMA em 2005 e lidera a região que abrange Estados Unidos, Canadá e Caraíbas, onde estão 33% do total de membros associados da GSMA e cerca de 20% de todas as operadoras.

O MWC LA 2019 recebeu perto de 22 mil pessoas de 100 países e marcou o terceiro ano em que a GSMA e a CTIA (associação que representa a indústria 'wireless' norte-americana) organizaram a versão americana do evento, que tem em Barcelona a sua maior edição.

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