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Restrição de crescimento fetal em foco em projeto de investigação

Catarina Palma dos Reis venceu a 1.ª edição do Prémio MSD de Investigação em Saúde, promovido pela MSD Portugal.

Restrição de crescimento fetal em foco em projeto de investigação
Notícias ao Minuto

14:00 - 29/10/19 por Filipa Matias Pereira

País Gravidez

Catarina Palma dos Reis, líder do projeto de investigação de tratamento da restrição de crescimento fetal,  foi a vencedora da 1.ª edição do Prémio MSD de Investigação em Saúde, promovido pela MSD Portugal.

Considerando que a restrição de crescimento fetal (FGR) afeta 5 a 10% das gestações, a equipa médica-científica da Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC), do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central, pretende, com esta investigação, avaliar se a administração de heparina de baixo peso molecular tem impacto no tratamento.

Em declarações ao Notícias ao Minuto, Catarina Palma dos Reis começa por explicar que falamos de restrição de crescimento fetal quando estamos perante um feto que “não consegue crescer tudo aquilo que seria o seu potencial genético, no contexto de um mau funcionamento da placenta. Nestas situações, o fluxo de sangue da mãe para o feto é insuficiente e este recebe pouco oxigénio e nutrientes. Como consequência, o crescimento fetal é afetado”.

Já quanto ao diagnóstico, refere a médica interna em Ginecologia/Obstetrícia da MAC que é feito através de ecografia e o médico apercebe-se da situação clínica quando o feto apresenta “um peso que se encontra abaixo do percentil 10 para a sua idade gestacional” e existem ainda “sinais de mau funcionamento da placenta, nomeadamente alterações do fluxo de sangue da mãe para o feto”.

De acordo com a especialista, “infelizmente", a patologia é associada a “importantes complicações fetais, neonatais e maternas”. Sabe-se que “o baixo peso ao nascer é a segunda maior causa de mortalidade perinatal em todo o mundo”. E estima-se também que “a restrição de crescimento fetal possa ser responsável por metade de todas as mortes fetais. Esta patologia justifica ainda cerca de 40% de todos os partos induzidos antes das 37 semanas de gestação, condicionando nestes recém-nascidos prematuros um risco aumentado de défice auditivo e visual, sequelas neurológicas e pulmonares, entre outras”.

O tratamento da restrição de crescimento fetal irá então depender do “estudo de alguns fatores que possam estar na sua origem”. Explica Catarina Palma dos Reis que “se existirem causas modificáveis (como o tabaco, aumento ponderal insuficiente da grávida ou stress laboral), alguns estudos sugerem que o repouso laboral da mãe ou a introdução de alterações no seu regime alimentar poderão ser benéficos”.

Perante a ausência de fatores modificáveis, atualmente não há qualquer tratamento disponível para esta situação, sendo que as recomendações se limitam à vigilância do bem-estar materno e fetal até ao momento em que algum destes está comprometido, e programa-se a este ponto o parto dependendo da idade gestacional”.

Com a investigação liderada pela obstetra, a equipa científica procura então “aprofundar os conhecimentos atuais acerca dos mecanismos de doença na restrição de crescimento fetal e contribuir para a eventual aprovação de uma terapêutica para esta patologia”.

Catarina Palma dos Reis reforça que vencer o “Prémio MSD Investigação em Saúde foi crucial para o desenvolvimento do projeto”, já que a bolsa dotou a equipa “dos fundos necessários para a viabilização deste estudo, que acreditamos que tenha o potencial de gerar um impacto significativo nas vidas das mães e fetos que sofrem desta patologia. Além disso, é um importante incentivo à investigação clínica em Portugal, que se debate frequentemente com a escassez de financiamento”.

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