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Desfile menos reivindicativo pode afastar mobilização de professores

Os sindicatos esperam milhares de professores na manifestação nacional de docentes no sábado, em Lisboa, mesmo reconhecendo que dar à iniciativa um caráter mais de celebração da profissão e menos de protesto retira alguma capacidade de mobilização.

Desfile menos reivindicativo pode afastar mobilização de professores
Notícias ao Minuto

10:04 - 04/10/19 por Lusa

País Professores

Os líderes das duas maiores federações sindicais de professores sublinham, no entanto, que uma manifestação de comemoração do Dia Mundial do Professor não lhe retira espaço reivindicativo, ainda que em dia de reflexão, véspera das eleições legislativas de domingo.

"[A mobilização] é difícil, é dia de reflexão, e [a manifestação] não tem uma marca reivindicativa dominante nos termos mais tradicionais. Claro que na base está sempre a reivindicação, da estabilidade, da valorização salarial, das condições de trabalho, que é o que está na declaração da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da UNESCO [sobre a condição docente]. Temos que assumir a iniciativa como a afirmação de princípios reivindicativos gerais que devem ser respeitados", disse à Lusa o secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), João Dias da Silva.

Mesmo não sendo um momento para "comemorar vitórias das lutas dos professores" -- até porque a legislatura fica marcada pela luta sem resultados pela recuperação do tempo de serviço congelado --, o líder da FNE defende que a manifestação servirá para reafirmar "orientações básicas" contidas na declaração da OIT e da UNESCO e que devem servir de linhas orientadoras à ação de qualquer governo.

Já Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), referiu que nada impede, nem a lei eleitoral, que os professores tenham palavras de ordem reivindicativas na manifestação de sábado, que terá como lema global "Valorizar e rejuvenescer a profissão -- uma educação com futuro", mas que ficará visualmente marcada pelas bandeiras coloridas, cada cor para um dos temas-reivindicações dos docentes.

A recuperação dos nove anos, quatro meses e dois dias de tempo de serviço congelado, a aposentação, os horários de trabalho, combate à precariedade, concursos de professores mais justos, vão estar na boca e nas bandeiras dos professores.

"Será já uma mensagem, não para qualquer partido em especial, mas para o Governo que vem a seguir. São aquelas coisas que ficaram por resolver nesta legislatura e que queremos que sejam resolvidas. Serão as bandeiras de luta", disse Mário Nogueira à Lusa.

O foco na carreira docente não significa que não haja cuidados da organização para evitar violações da lei eleitoral, ainda que apelos diretos ao voto em qualquer partido -- o ato que poderia configurar uma violação da lei -- não sejam prática nas manifestações de docentes, referiu Mário Nogueira.

"Nas manifestações, normalmente não estamos lá a dizer: 'nas próximas eleições vota neste e não votes naquele'. Não vamos lá fazer isso e isso é que poderia ser considerado como campanha. Mas não costumamos fazer isso, costumamos dizer que os governos não resolveram problemas e vamos continuar a dizer", afirmou.

No entanto, à cautela, os habituais, e geralmente longos, discursos no final da manifestação vão ser substituídos por breves saudações aos professores.

"Não podemos esquecer que estamos na véspera de um ato eleitoral. Temos que ser extremamente cuidadosos naquilo que colocamos como pano de fundo desta iniciativa", disse Dias da Silva.

Mário Nogueira garantiu ainda que a organização vai estar atenta, "não vá alguém querer fazer alguma brincadeira para a provocação".

"Da nossa parte se virmos alguém com algum procedimento que nos pareça violador da lei eleitoral avisaremos a pessoa e se a pessoa não acatar informaremos a polícia que deve por cobro à situação", disse.

Sobre o impacto da campanha eleitoral em curso na mobilização para sábado, Mário Nogueira desvalorizou, mas entende que "é mau" que o discurso dos dois maiores partidos -- PS e PSD -- se tenha centrado "no que se passou em maio", quando o parlamento recusou devolver os mais de nove anos de tempo de serviço congelado aos professores, acrescentando que os dois maiores partidos "têm passado muito ao lado" dos temas da educação.

Os professores manifestam-se no sábado, assinalando o Dia Mundial do Professor, com um desfile em Lisboa, na avenida da Liberdade, com concentração marcada para o Marquês de Pombal para as 14:30.

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