A iniciativa é da Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP), que lançou um programa de residências artísticas para a população prisional. As duas primeiras foram dedicadas à dança e ao teatro e, este mês, 'Pavilhão Mozart' fecha um ciclo com a apresentação do trabalho da residência desenvolvida em ambiente prisional pela produtora Casota Collective.

Na Tanoaria do EPL-J será exibido o documentário 'A palavra liberta', que regista o processo de criação de duas músicas e dois videoclips, que também serão apresentados nesse dia. Todo o material foi criado na prisão, envolvendo os reclusos em diversas funções: produtores musicais, músicos, produtores de vídeo e realizadores.

"O guião, o 'set', a luz, o som e as personagens são sempre as mesmas, nesses 'estúdios de cinema', que são os pavilhões do EPL-J", explica o coordenador do projeto, David Ramy, em nota divulgada pela SAMP.

Ao longo de três meses, os reclusos "gravaram o som ambiente de pátios e de pavilhões, criando ainda 'beats' com eles". Escolheram instrumentos, criaram refrões, "exprimiram a alma para fazer letras, essas letras que só eles sabem fazer de forma tal que cada um de nós recebe o impacto delas dentro do estabelecimento". O efeito da mensagem é forte, garante o coordenador.

"Uma semana depois, continuam a ecoar no nosso quotidiano citadino, sem sair da cabeça".

Utilizando cores, efeitos de luz e fumo em celas e corredores, os participantes no projeto conseguiram, "como por magia", criar "outro mundo, outro universo prisional".

"Esperamos que apreciem e usufruam do que é o produto final e desfrutem, nem que seja apenas 10%, aquilo que nós temos desfrutado nestes três meses em que o 'Collective' da Casota ficou muito, muito maior e o 'Pavilhão' do Mozart [ganhou] muito, muito 'flow' e a 24 frames por segundo", conclui David Ramy.

'Ópera na Prisão' é um projeto que a SAMP desenvolve no EPL-J desde 2014, com o objetivo principal de diminuir os níveis de reincidência criminal entre os reclusos.

Na fase atual, "Pavilhão Mozart" pretende fixar um espaço de criação permanente orientado para as artes performativas no estabelecimento prisional, uma proposta destinada a quem o habita, mas também aberta à comunidade, como mais uma sala de cultura na cidade e região de Leiria, refere a SAMP.

A sessão de dia 11 começa às 15h30, é aberta ao público (maior de 16 anos) e tem entrada gratuita, mediante inscrição prévia.

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