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Clima: "Futuro negro" leva milhares às ruas de Lisboa

A ameaça de um "futuro negro" para os filhos levou Catarina Leandro a juntar-se aos milhares de ativistas que hoje invadiram as ruas de Lisboa na luta pelo planeta e por ações concretas dos governantes.

Clima: "Futuro negro" leva milhares às ruas de Lisboa
Notícias ao Minuto

20:58 - 27/09/19 por Lusa

País Clima

"Preocupa-me o futuro deles. Preocupa-me que planeta vão ter daqui a 10 ou 20 anos. Preocupa-me que o mundo vá mudar tanto que eu não tenha resposta para lhes dar e eles não tenham sequer forma de se alimentar", contou à Lusa Catarina Leandro, enquanto carregava ao colo o filho de um ano e a preocupação quanto ao seu futuro.

Catarina Leandro, 37 anos, esteve nas outras manifestações que ocorreram na primavera, e garante que vai continuar a participar até deixar de assistir a "medidas hipócritas que não resolvam nada". Sem alterações à vista, Catarina vê "um futuro negro".

"Se as coisas não mudarem o nosso futuro está mesmo comprometido", vaticinou a ativista, acompanhada pelos filhos de um e quatro anos.

A "revolta e zanga" perante a inação dos governantes também levou Mafalda Coelho a manifestar-se. A jovem sublinhou a importância de aplicar medidas concretas com urgência: "Tem de ser para agora, para ontem", defendeu a estudante de Biologia.

Com apenas 9 anos, Jonas também sabia de cor as razões que o levaram a participar no protesto juntamente com colegas da escola, professores e pais: "Estou aqui para tentar salvar o planeta. Tem muita poluição", contou à Lusa.

Os ambientalistas voltaram a lembrar que "Não há planeta B" e que perante a falta de políticas parece que o "plano B" está agora nas suas mãos.

"Mesmo que o Governo não nos queira ouvir temos de fazer a diferença", explicou Leonor Bandeira, aluna do 8.º ano do Escola Alemã, que hoje decidiu faltar às aulas para participar no protesto que nasceu da ação da jovem ativista sueca Greta Thunberg.

"A nossa casa está a arder. Não há outras. Temos de agir agora", alertou Sinan Eden, um dos porta-vozes do movimento que voltou a trazer milhares de pessoas para as ruas de Lisboa, assim como de outras dezenas de cidades do país.

Os protestos fizeram-se ao som de buzinas e palavras de ordem, mas também com milhares de cartazes de todos os tamanhos e feitios. "Sem futuro não há escola e sem escola não há futuro" era o slogan de um grupo de crianças.

O motivo que levou milhares de jovens a sair hoje para as ruas é sério, mas foram muitos os que utilizaram o humor nos cartazes: "Não bebam água, bebam vodka", "Marcelo deixa as 'selfies' e trata do Planeta" , "Avô o que são ursos?" e "Quando eu disse que preferia morrer a não ir à aula de Filosofia estava a gozar" eram algumas das mensagens.

As letras de músicas também serviram de inspiração: 'All you need is less', numa alusão ao clássico dos Beatles 'All you need is love', ou 'Smells like polution' (uma adaptação dos Nirvana 'Smells like teen Spirit') foram alguns dos cartazes que passearam pela cidade.

Entre os milhares de manifestantes ruidosos, destacou-se um grupo de pessoas vestidas de vermelho que circularam sempre em silêncio.

"O vermelho é o sangue derramado e representa as espécies em vias de extinção", explicou à Lusa Paulo Alves, porta-voz do grupo Red Rebelion, que pertence ao grupo internacional Extintion Rebelion.

Os protestos que começaram como uma iniciativa dos jovens contam cada vez mais com a presença de adultos. São professores, pais, avós, ambientalistas e ativistas que fazem questão de estar presentes.

Jorge Batista, de 70 anos, foi um dos manifestantes que não ficou indiferente à causa. Hoje saiu à rua para gritar contra "a insustentabilidade da política mundial, europeia e nacional".

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