José Ferreira Gomes falava, em Bragança, no Congresso de Ensino Superior do Interior, que reuniu dez associações académicas de universidades e politécnicos e no qual foi reclamado um tratamento diferente para as instituições das zonas mais deprimidas do país.
O presidente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), Sobrinho Teixeira, expressou ao governante que "não pode ser usado o mesmo padrão para encerrar um curso com 10, 15 alunos no litoral e no interior".
"Toda a gente aceitará que não terá o mesmo impacto quer para os jovens quer para as populações desses locais quer para dinamização da economia regional e nacional", vincou.
O secretário de Estado reconheceu que "há condições diferentes no Interior do país", mas considerou que é necessário "melhorar a eficiência do Ensino Superior e que cursos com muito poucos alunos não podem manter-se tal como escolas primárias com um aluno ou com meia dúzia de alunos não puderam ser mantidas por muitas razões e até pela qualidade"
"Esses cursos não são bons e são injustos para os estudantes que lá estão, que poderiam em muitos casos ir mais longe na sua natural ambição de jovens e que são limitados por haver condições mais deficientes, não porque as escolas não pudessem oferecer, mas termos de criar um grupo menos competitivo entre si".
O governante concluiu que "é o mesmo problema de uma escola primária".
José Ferreira Gomes desafiou ainda os agentes locais, nomeadamente os autarcas a aproveitarem os fundos do próximo quadro comunitário de apoio para ajudarem à sustentabilidade do Ensino Superior nas suas regiões, nomeadamente através da criação de incentivos à atração de estudantes.
O presidente da Câmara de Mirandela, cidade onde estudam mil dos sete mil alunos do IPB, respondeu que os municípios já cumprem o seu papel e deu como exemplo a autarquia que dirige e que canalizou parte das verbas que lhe couberam dos apoios comunitários para a construção de uma escola superior.
António Branco sublinhou que nesta matéria "quem tem a decisão final é naturalmente o Governo".
A academia vai continuar a promover pelo país debates sobre o Ensino Superior no Interior, estando já agendado para o final do ano letivo um novo congresso, na Universidade da Beira Interior, na Covilhã.
O presidente da Associação Académica do IPB, Ricardo Pinto, adiantou que no próximo congresso serão apresentadas propostas concretas de um grupo de trabalho criado em Bragança para estudar o custo de um estudante e o acesso ao Ensino Superior no Interior.
Para o dia 15 de janeiro está marcado, na Guarda, um encontro entre dirigentes e presidentes de Câmara que têm instituições de Ensino Superior nos seus municípios.