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‘Codfather’ português apanhado por falsos russos nunca mais pode pescar

Carlos Rafael, natural da ilha do Corvo, nos Açores, mas a viver desde os 15 anos em New Bedford, já está a cumprir pena de prisão e vai ter de pagar três milhões de multa ao governo dos EUA.

‘Codfather’ português apanhado por falsos russos nunca mais pode pescar
Notícias ao Minuto

18:41 - 22/08/19 por Natacha Nunes Costa

País Burla

Carlos Rafael, mais conhecido por ‘Codfather’, controlou durante décadas uma das maiores frotas de pesca dos EUA, mas, em 2015, o português, natural da Ilha do Corvo, nos Açores, foi apanhado pelas autoridades norte-americanas a enriquecer através da prática de vários crimes.

Hoje, Carlos, de 67 anos, cumpre 46 meses de prisão por conspiração, incorreta classificação de peixe, contrabando de dinheiro, evasão fiscal e falsificação de registos, crimes que acabou por confessar em 2017.

Apesar de estar encarcerado, o que mais lhe custa é nunca mais poder pescar. O açoriano assinou um acordo com Administração Nacional dos Oceanos e Atmosfera (NOAA), evitando assim mais processos judiciais, mas nunca mais poderá voltar a trabalhar no setor.

Além disso, terá de pagar uma multa de três milhões de dólares (cerca de dois milhões e 700 mil euros) ao governo norte-americano, nada comparado com a fortuna que Carlos Rafael tem. De acordo com o The Washington Post, o património do corvino está avaliado entre 10 e 25 milhões de dólares (entre 9 e 22 milhões de euros).

A mesma publicação conta que apesar de ser milionário, Carlos Rafael optava sempre por uma aparência modesta. Andava todos os dias pelo cais, de camisa de flanela, calças de ganga desgastadas, a gritar ordens ora em inglês, ora em português. E enquanto monitorizava a captura do dia, fumava cigarro atrás de cigarro.

Tudo mudou em 2015. Na altura, Carlos Rafael, que já tinha dito às autoridades norte-americanas que era “um pirata” e que o trabalho deles era apanhá-lo, começou a pensar reformar-se e mudar-se para Cabo Verde. Colocou a empresa à venda e foi abordado por uma dupla de russos que eram, na verdade, agentes infiltrados.

Durante várias reuniões com estes “falsos russos”, o emigrante português garantiu que a sua empresa era o lugar ideal para lavar dinheiro e tentou vender a mesma por 175 milhões de euros, quando apenas declarava três a quatro milhões/ano.

Para provar que a empresa valia todo este dinheiro, Carlos mostrou aos alegados russos um livro onde tinha registado 600 mil dólares em apenas seis meses. Mas quando tudo estava alinhavado, julgava o açoriano, foi detido e acusado.

Ao Washington Post, o advogado de Defesa contou que, enquanto estava a decorrer o julgamento e até ao dia em que foi detido, Carlos trabalhava todos os dias a partir das 6h00 e numa carrinha com 10 anos.

Em 2017, acabou por se declarar culpado, para “acabar com a confusão toda”. Ao que tudo indica, em 2021 sairá da prisão. O objetivo já não é ir para Cabo Verde, mas sim dividir o seu tempo entre o New Bedford, para onde emigrou aos 15 anos, e o Corvo, de onde é natural e aproveitar a companhia dos filhos e netos.

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