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No Porto não há corrida aos supermercados, fazem-se "comprinhas do dia"

A greve anunciada dos motoristas não abalou este domingo as rotinas diárias nos supermercados do Porto, onde a maioria dos clientes deambulava tranquila nos corredores das grandes superfícies a fazer as "comprinhas do dia".

No Porto não há corrida aos supermercados, fazem-se "comprinhas do dia"
Notícias ao Minuto

13:55 - 11/08/19 por Lusa

País Greve de motoristas

"Estou a fazer as comprinhas do dia, porque a massa, o arroz e o azeite já tenho o reforço na dispensa durante todo o ano", lança Felismina Alves, 72 anos, enquanto se abastece de fruta fresca no supermercado Lidl junto da Rotunda da Boavista, no centro do Porto.

Quando a Lusa pergunta a Felismina Alves se está preocupada com a greve, ela enche-se de energia verbal e exclama um "claro que estou".

"Deus queira que [a greve] não vá avante, senão para que serve o primeiro-ministro e o Presidente da República", opina enquanto mete nêsperas de Elvas e tomates de rama no cesto das compras. Felismina ainda lança que acha que os motoristas têm razão em fazer greve, porque "ganham uma bagatela a comparar com os ministros" e colocam as "suas vidas em perigo" com os materiais perigosos que transportam.

A tranquilidade com que Jorge Gonçalves, 56 anos, deambulava hoje de manha na secção dos frescos do Continente da Rua da Constituição, uma das vias mais movimentadas da cidade do Porto não deixavam margem para dúvidas de que acredita que a greve não vai passar de dois ou três dias.

"Estou a fazer as compras do dia normalmente. Sinceramente não pensei em fazer nenhum reforço na dispensa lá de casa, porque tenho esperança que a greve dure uns três dias e que tudo fique resolvido", declarou Jorge Gonçalves, quanto apalpava uns pêssegos em busca dos mais maduros.

Uma funcionária do talho e charcutaria daquela grande superfície no Porto disse à Lusa que as vendas de carne estão até mais calmas do que o costume e garante que não detetou solicitações de mais quantidades de mantimentos por parte dos clientes.

"Hoje até está mais parado o movimento do que no sábado", afirmava, enquanto repunha o 'stock' de fiambre e queijos nas vitrinas.

No Pingo Doce da Rua Nossa Senhora da Saúde, perto da Avenida da Boavista, as filas de meia dúzia de pessoas com carrinhos de compras e cestos pela metade evidenciavam que ninguém estava desesperado a reforçar os bens alimentares, facto confirmado por uma funcionária daquela cadeia de distribuição alimentar.

"Está tudo normal e calmo. Talvez amanhã se vá notar mais movimento", considerava a funcionária, enquanto colocava caixinhas de chá nas prateleiras

Uma cliente do Pingo Doce que preferiu o anonimato até confessou à Lusa que nem se tinha lembrado que ia haver greve dos motoristas e que por isso andava a fazer as "compras normais para a semana", sem dar atenção ao reforço da sua dispensa.

Maria Helena, 73 anos, também passeava com a lista de compras para a semana na mão e conta que só pensa em comprar mais mantimentos se a greve demorar muitos dias.

"Se a greve se prolongar muitos dias vou ter de comprar mais leite e atum, mas acho que a greve vai durar poucos dias, porque se eles não trabalharem também não ganham o ordenado", referiu.

Reformado, José Pereira, 70 anos também afirma que para já não tem intenções de reforçar os mantimentos em casa, porque acredita que a situação da greve se vai resolver em "dois ou três dias" e até lança uma sugestão para resolver o impasse entre patronato e empregados.

"Eu se fosse patrão reduzia nas ajudas de custo e aumentava os ordenados. Reduzia numa coisa e aumentava noutro lado e resolvia-se o problema", descreve, enquanto mete na cesta as compras para o dia, considerando ainda que "1.800 euros já não é um mau ordenado".

A Lusa constatou nos três supermercados que visitou hoje de manhã que as prateleiras de todas as secções estavam compostas com bens alimentares, como estão normalmente, e não encontrou prateleiras nem vitrinas vazias.

A greve dos motoristas foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), a que se associou o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

Os motoristas reivindicam que a associação patronal Antram cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.

Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo "tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis" para satisfazer "necessidades sociais impreteríveis".

Entende o Conselho Consultivo da PGR que "a requisição civil só deverá ser utilizada, excecionalmente, em situações em que o incumprimento ou o cumprimento defeituoso dos serviços mínimos sejam causadores de graves perturbações da vida social".

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