Meteorologia

  • 28 MARçO 2024
Tempo
12º
MIN 11º MÁX 18º

Organizações antifascistas protestam contra "conferência nacionalista"

Um total de 65 organizações antifascistas, 28 portuguesas e 37 estrangeiras, subscreveram um manifesto contra a "conferência nacionalista" prevista para sábado em Lisboa e lançaram uma petição pública eletrónica apelando à proibição da iniciativa.

Organizações antifascistas protestam contra "conferência nacionalista"
Notícias ao Minuto

15:09 - 05/08/19 por Lusa

País Lisboa

Surgido através de um manifesto na rede social Facebook por parte da Frente Unitária Antifascista, o protesto conta com uma petição pública eletrónica 'Contra a conferência Neonazi do dia 10 de Agosto em Lisboa', que tinha reunido até hoje ao fim da manhã 3.974 assinaturas.

Os subscritores estão a promover uma concentração, que designaram de "mobilização nacional antifastista", para sábado às 13h00, em Lisboa, no mesmo dia da "conferência nacionalista" organizada pelo grupo de extrema-direita 'Nova Ordem Social', dirigido pelo já condenado por vários crimes de índole racial Mário Machado.

"A realização, no próximo dia 10 de Agosto, em Lisboa, de uma reunião de organizações de extrema-direita da Europa, algumas assumidamente de ideologia fascista e neonazi, motivou a convocatória de uma manifestação de protesto para o mesmo dia e local por uma frente de organizações nacionais e internacionais", refere a petição.

Dirigido ao Presidente da Assembleia da República, ao Presidente do Tribunal Constitucional, Ministra da Justiça, grupos parlamentares e direções partidárias, a petição apela para que tomem posição e impeçam a realização do encontro.

"É um grito de cidadania. O objetivo é fazer um alerta público face ao encontro de organizações declarada e abertamente racistas, cuja existência em si é uma afronta à Constituição da República Portuguesa", defendeu o dirigente do SOS Racismo, Mamadou Ba, em declarações à Lusa.

O dirigente do SOS Racismo, que se associou ao manifesto de protesto, sustentou que "as próprias autoridades têm de atuar" e considerou desejável "mão firme, pois algumas daquelas pessoas que vão cá vir advogam a violência racial", frisando que "o racismo é uma ideologia que mata e nenhuma ideologia que mata deve ser divulgada no espaço público".

Pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), a dirigente Joana Sales declarou à Lusa que a sua associação subscreveu o manifesto porque "sempre luta por valores democráticos e uma manifestação neonazi não pugna por esses valores".

"Não percebemos sequer como é que uma coisa destas é legal. Eu não sou jurista, mas o Estado não devia permitir isto, um evento de grupos que apelam diretamente à violência. Parece-me claramente inconstitucional. Estamos divulgar a iniciativa e vamos participar. A concentração está aberta a todos quantos queiram marcar presença pelos valores democráticos", disse.

No texto da petição pública, os promotores "solicitam também que os partidos políticos tomem uma posição clara" e apelam "à mobilização de todos os cidadãos, partidos, sindicatos, movimentos e organizações para que no dia 10 de Agosto de 2019 o povo português deixe uma mensagem clara aos neonazis europeus".

Fonte policial adiantara já à Lusa que o Serviço de Informações de Segurança (SIS) está a acompanhar "muito de perto" a "conferência nacionalista" que vai contar com representantes de partidos e movimentos europeus, estando já confirmados sete oradores: Mário Machado, Josele Sanchez (Espanha), Adrianna Gasiorek (Polónia), Blagovest Asenov (Bulgária), Francesca Rizzi (Itália), Mattias Deyda (Alemanha ), Yvan Benedetti (França).

Os organizadores da conferência nacionalista só pretendem divulgar o local do seu evento, marcado para as 14:00, no próprio dia, pelas 09:00, segundo a página do grupo de extrema-direita "Nova Ordem Social" na Internet.

O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2018 refere que a extrema-direita portuguesa continuou, no ano passado, "a revelar grande dinamismo na luta pela 'reconquista' da Europa, nomeadamente no que diz respeito ao combate à imigração ilegal, à islamização, ao multiculturalismo e ao marxismo cultural".

Segundo o RASI, o setor identitário e neofascista destacou-se novamente em 2018 através da organização de conferências, ações de propaganda, celebrações de datas simbólicas, ações de protesto, eventos musicais e sessões de treino de artes marciais, num "perfeito alinhamento com o modo de atuação dos seus congéneres europeus, com quem manteve contactos frequentes".

A tendência 'skinhead' neonazi esteve "menos ativa", mas manteve as suas atividades tradicionais, como concertos e reuniões, além de associar pontualmente às iniciativas do movimento identitário e neofascista, indica o RASI, frisando que a extrema direita registou "uma intensa difusão de propaganda em ambiente virtual, com o objetivo de criar condições favoráveis ao sucesso eleitoral de forças políticas nacionalistas ou populistas em 2019".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório