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Abastecer depósito a gasóleo sem óleo de palma? "Oferta é muito limitada"

Constata a ZERO que "é inevitável que os consumidores que tenham veículos a gasóleo" não sejam "coniventes com o uso insustentável de óleo de palma como biocombustível". Denuncia a Associação que quase dois terços do óleo de palma consumido na UE é utilizado como combustível rodoviário.

Abastecer depósito a gasóleo sem óleo de palma? "Oferta é muito limitada"
Notícias ao Minuto

08:56 - 24/07/19 por Filipa Matias Pereira

País Óleo de Palma

"A maioria dos postos de abastecimento de Portugal está a abastecer gasóleo com óleo de palma". A denúncia é da ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável.

De acordo com a análise de dados da OILWORLD, divulgados recentemente pela Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), da qual a ZERO é membro, "a expansão do uso de óleo de palma para produção de biodiesel na Europa continua inabalável. Quase dois terços do óleo de palma consumido na União Europeia (UE) é queimado como combustível".

E Portugal não é exceção. Em território nacional, em 2018 "utilizaram-se mais de 38 milhões de litros, uma quantidade cerca de 5 vezes superior à utilizada durante todo o ano de 2017".

Refere a ZERO neste âmbito que "a maior parte desse óleo de palma é utilizada na refinaria da GALP em Sines, na produção de um tipo de biodiesel (HVOHidrogenated Vegetable Oil) que é utilizado para incorporar no gasóleo rodoviário, de forma a cumprir as metas de redução de emissões de CO2 previstas na Diretiva das Energias Renováveis".

E há dois motivos fundamentais que justificam esta realidade. Primeiro, "é o óleo vegetal mais barato" e, depois, "o processo de fabricação de HVO tem custos mais reduzidos recorrendo ao uso de óleo de palma do que ao óleo de colza ou soja".

Saliente-se que "o óleo de palma é conhecido por ser um importante impulsionador da destruição das florestas tropicais e da vida selvagem associada". Reforça a Associação Sistema Terrestre Sustentável que "Portugal importa 87% do óleo de palma de mercados como a Indonésia e a Malásia". Com efeito, "está, de forma inequívoca, a contribuir para a continuação de um cenário insustentável, com consequências ao nível da desflorestação e a drenagem de turfeiras no sudeste da Ásia, para além de estar a pressionar várias espécies para a extinção, como o orangotango ou o elefante pigmeu".

Por isso, para a ZERO "é fundamental que o atual Governo e os diferentes partidos políticos candidatos às próximas eleições legislativas se comprometam, definindo um calendário apropriado, com o abandono até ao final de 2020 da utilização do óleo de palma para a produção de biocombustíveis e como elemento incorporado no gasóleo comercializado em Portugal".

Paralelamente, exige a Associação que "a indústria petrolífera, e em especial a GALP como produtora de biodiesel com recurso ao óleo de palma, assuma um papel pioneiro e ambientalmente responsável junto dos consumidores, substituindo o óleo de palma por outra matéria-prima ambientalmente mais sustentável".

Saiba ainda que se quiser abastecer gasóleo sem óleo de palma "a oferta é muito limitada". Explica a ZERO que, "considerando que a maior parte do gasóleo presente nos postos de abastecimento, independentemente da marca, é fornecido pelas refinarias da GALP". Por isso, "é inevitável que os consumidores que tenham veículos a gasóleo" sejam "coniventes com o uso insustentável de óleo de palma como biocombustível".

Há, porém, postos, "inclusive da GALP, onde o gasóleo presente não tem óleo de palma, dada a diferente proveniência da distribuição e natureza dos biocombustíveis incorporados (que não de uma refinaria da GALP), sendo tal facto assinalado inclusive no posto de venda".

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