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Zero e Quercus lamentam pressões ambientais na Reserva Natural do Tejo

O aumento da área de proteção, a necessidade de maior fiscalização da pesca e a melhoria da qualidade da água são desafios apontados pelas associações ambientalistas Quercus e Zero na gestão da Reserva Natural do Estuário do Tejo.

Zero e Quercus lamentam pressões ambientais na Reserva Natural do Tejo
Notícias ao Minuto

11:22 - 19/07/19 por Lusa

País Tejo

Hoje assinala-se o Dia da Reserva Natural do Estuário do Tejo, criado pelo Estado com o objetivo de iniciar uma gestão racional da área de modo a não comprometer as suas potencialidades biológicas.

Em declarações à Lusa, João Branco, membro da direção da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, sublinhou que "a reserva é uma área bastante importante a nível nacional e internacional" devido à dimensão biológica.

Durante o inverno, segundo João Branco, a reserva chega a receber mais de cem mil aves, resultado da migração da espécie.

Porém, apesar de aclamada pela sua diversidade biológica, a Reserva Natural do Estuário do Tejo enfrenta desafios ambientais -- por estar localizada junto a áreas povoadas, por exemplo, acarreta problemas ao nível da qualidade da água, além de haver espécies invasoras entre os peixes, bivalves e invertebrados.

"À medida que essas espécies invasoras se espalham pelo território, as espécies nativas diminuem obrigatoriamente, porque competem pelo mesmo habitat e pelos mesmos recursos", explicou o membro da direção, apelando à criação de políticas que minimizem este efeito.

A dimensão da reserva é outro dos problemas apontados pela Quercus, que considera necessário um alargamento da sua área terrestre, nomeadamente nas margens do Tejo até Vila Franca de Xira e nas margens de Alverca do Ribatejo.

"As reservas eram coisas que não eram desejadas e eram feitas nos limites dos locais onde ninguém se iria queixar", referiu João Branco, acrescentando que esta é a razão pela qual muitas zonas húmidas estão fora da reserva.

No seu entender, "há uma série de zonas envolventes que merecem uma requalificação" com vista a fazer parte da reserva natural.

A proteção das margens e dos mouchões é outro ponto que João Branco salientou como carecido de políticas protetoras, recordando o rombo ocorrido no Mouchão da Póvoa, que levou parte significativa desta ilha.

O representante criticou o tempo que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) demorou a intervir nesta situação, tendo em conta que era "aquela que tinha competências para autorizar intervenção":"O Estado tem que ser rápido a resolver".

"Todo o estuário e todo o rio têm que ser geridos de forma a conversar os valores naturais e a Reserva Natural do Estuário do Tejo", apelou, lamentando que a população veja este conjunto de forma isolada.

Para a Quercus, o Tejo constitui "um sistema único" e deveria ser protegido na totalidade, não apenas na área da reserva.

Partilhando da opinião em relação à importância desta área, Paulo Lucas, da direção da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável considerou que a reserva "tem sido um dos marcos da conservação da natureza em Portugal" e admitiu que a reserva tem sido sujeita a muitas pressões, principalmente pelo facto de estar localizada numa área povoada.

A grande ameaça atualmente, indicou, é o projeto do aeroporto do Montijo (distrito de Setúbal), considerando que a construção pode vir a ter um impacto muito significativo no ecossistema da reserva.

"A grande preocupação são as aves", disse Paulo Lucas, revelando que tanto o aeroporto as pode afetar, como podem elas afetar o aeroporto.

A alteração de zonas de salina para pisciculturas é outra preocupação de Paulo Lucas, explicando que as áreas de cultura de criação alternativa são áreas muito profundas, não sendo adaptadas às aves aquáticas residentes da reserva.

De acordo com Paulo Lucas, existe a intenção de fazer dragagens no rio Tejo de forma a permitir que a plataforma logística da Castanheira do Ribatejo para reforçar o acesso marítimo de mercadorias, uma medida que está a ser alvo de críticas.

Considerando os estuários como "zonas de maternidade", Paulo Lucas apelou à continuação do esforço de fiscalização da pesca ilegal, já que é preciso salvaguardar estes espaços "a todo o custo".

"O país tem de ter outro tipo de abordagens", disse o ambientalista.

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