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Autarca de Pedrógão Grande acusado de 59 crimes

O Ministério Público anunciou, esta sexta-feira, ter deduzido acusação contra 28 pessoas no âmbito do processo que investiga alegadas irregularidades no processo de reconstrução das casas que arderam no incêndio de Pedrógão Grande.

Autarca de Pedrógão Grande acusado de 59 crimes
Notícias ao Minuto

17:34 - 05/07/19 por Notícias ao Minuto com Lusa

País Pedrógão Grande

O presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande é um dos 28 arguidos contra os quais o Ministério Público deduziu acusação no processo que investiga a reconstrução das casas destruídas pelo incêndio de 2017.

Valdemar Alves, avança a RTP, está acusado de 20 crimes de prevaricação, 20 crimes de burla qualificada e 19 de falsificação de documento.

Segundo a mesma fonte, também o ex-vereador e atual funcionário da autarquia de Pedrógão, Bruno Gomes, é arguido, recaindo sobre ele a suspeita da prática de 20 crimes de prevaricação, 19 de burla qualificada e 20 de falsificação.

Entre os 28 arguidos contam-se ainda Jacinta Paes (ex-secretária da Junta de Freguesia de Vila Facaia) e Paulo Pires (empreiteiro e funcionário da câmara de Pedrógão). A primeira está acusada de um crime de falsificação de documentos e o segundo de um crime de burla qualificada.

No despacho de encerramento, o Ministério Público determinou o "arquivamento ou separação de processos quanto aos restantes 16 arguidos", já que a PJ tinha apresentado, no dia 1, um procedimento para acusação de 44 arguidos.

O inquérito às alegadas irregularidades na atribuição de subsídios para a reconstrução ou reabilitação de habitações destruídas pelo fogo de 2017 em Pedrógão Grande formalizou 44 arguidos, anunciou no dia 01 a Polícia Judiciária, que finalizou a investigação e propôs acusação.

Em comunicado, a Polícia Judiciária indicou, nessa altura, que, através da Diretoria do Centro, "finalizou e remeteu ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Coimbra, com proposta de acusação, o inquérito no âmbito do qual se investigaram eventuais crimes de burla qualificada, entre outros, referentes à atribuição de subsídios para a reconstrução ou reabilitação de habitações permanentes que teriam sido afetadas pelo incêndio de Pedrógão Grande", localizadas em Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos.

A informação esclarecia que os "apoios requeridos respeitavam sobretudo a verbas afetas ao Fundo Revita, constituídas por donativos, assim como verbas geridas por outras entidades, nomeadamente IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social]".

De acordo com a PJ, a "investigação revelou-se de elevada complexidade, decorrente dos inúmeros casos que houve necessidade de analisar", sendo o processo composto por oito volumes, 89 apensos e 21 anexos.

No âmbito das diligências investigatórias realizadas, procedeu-se designadamente à realização de buscas, recolha de prova documental e pessoal, tendo sido inquiridas 115 testemunhas e constituídos e interrogados 44 arguidos

A 07 de junho, a Procuradoria-Geral da República (PGR) tinha anunciado a existência de 43 arguidos neste inquérito.

"Existe um inquérito onde se investigam irregularidades relacionadas com a reconstrução e reabilitação dos imóveis afetados pelos incêndios de Pedrógão Grande. Este inquérito tem, neste momento, 43 arguidos constituídos, encontra-se em investigação e está em segredo de justiça", referiu então a PGR, em resposta escrita enviada à Lusa.

No processo em que se investigam irregularidades no apoio à reconstrução de casas, eram quatro os arguidos constituídos em setembro de 2018, número que subiu para dez, em novembro, sendo todos, à data, "requerentes de apoios", no âmbito do inquérito, explicou a PGR, naquela ocasião.

De acordo com a nota publicada, em setembro de 2018, pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Coimbra, estão em causa "factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, de participação económica em negócio, de burla qualificada e de falsificação de documento".

Na origem do inquérito estiveram denúncias feitas por duas reportagens, uma da Visão e outra da TVI, que aludiam a situações eventualmente ilegais na atribuição de fundos para a reconstrução de habitações afetadas pelo incêndio.

As duas reportagens referiam que casas que não eram de primeira habitação foram contempladas com obras em detrimento de outras mais urgentes e também que casas que não arderam foram reconstruídas com fundos solidários.

À data, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, disse não ter dúvidas sobre os procedimentos formais, mas, ainda assim, enviou para ao Ministério Público 21 processos para análise.

O presidente da Câmara de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, Valdemar Alves, também negou, nessa ocasião, as acusações, mas enviou igualmente para análise um conjunto de processos.

O Conselho de Gestão do Fundo Revita revelou, em outubro de 2018, que, das 259 casas de primeira habitação selecionadas para reconstrução, sete processos iriam ser alvo de "reavaliação por parte dos municípios".

O incêndio que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, concelho de Pedrógão Grande, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais eram habitações permanentes, e 50 empresas.

Num outro caso, dez pessoas vão ser julgadas no processo que investiga as responsabilidades no incêndio de 2017 com início em Pedrógão Grande, disse à agência Lusa fonte judicial, a 21 de junho.

Dos 13 arguidos do processo, seguem para julgamento os presidentes dos municípios de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande em funções à data dos factos: Fernando Lopes, Jorge Abreu e Valdemar Alves, respetivamente.

Na sequência do debate instrutório, o tribunal decidiu ainda levar a julgamento a então engenheira florestal no município de Pedrógão Grande Margarida Gonçalves; o comandante dos Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut; o subdiretor da área comercial da EDP José Geria; o subdiretor da área de manutenção do Centro da mesma empresa, Casimiro Pedro; e três arguidos com cargos na Ascendi Pinhal Interior: José Revés, António Berardinelli e Rogério Mota.

O comandante distrital de operações de socorro de Leiria à data dos factos, Sérgio Gomes, o segundo comandante distrital, Mário Cerol, e José Graça, então vice-presidente do município de Pedrógão Grande, ficam de fora do julgamento.

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