Santos Silva espera mudança na liderança da UE e lembra problema de Weber
O ministro dos Negócios Estrangeiros disse hoje esperar uma mudança na "paisagem político-institucional europeia", dominada nos últimos anos pelo Partido Popular Europeu (PPE), até porque o candidato dos conservadores a presidente da Comissão é um "problema adicional" para Portugal.
© Global Imagens
País Luxemburgo
"Não é possível que no próximo quinquénio, com estes resultados eleitorais (nas eleições europeias), haja um tal monocromatismo na paisagem político-institucional europeia, porque no último o PPE acabou por ter três dos quatro postos mais importantes", ao assumir as presidências da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu, notou Augusto Santos Silva, no Luxemburgo, à saída de uma reunião de chefes de diplomacia da UE.
Apontando que é por isso "natural" que a redistribuição dos cargos de topo - que os líderes europeus vão tentar acordar na cimeira de quinta e sexta-feira, em Bruxelas -- "seja mais diversificada, refletindo a própria diversidade da Europa", o "número dois" do Governo acrescentou que, na sua opinião, "no que diz respeito a Portugal há um problema adicional", visto que o candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, recordou, defendeu sanções para o país.
"O senhor Manfred Weber foi uma das pessoas que mais se bateu para que tivesse havido sanções a Portugal, numa altura em que Portugal fazia o seu caminho para respeitar integralmente as suas obrigações na União Económica e Monetária, e para sair do Procedimento por Défice Excessivo, e nós naturalmente não esquecemos esse facto", apontou.
Questionado sobre a eventualidade de Weber ser mesmo designado e eleito presidente do executivo comunitário, Santos Silva limitou-se a dizer que o Governo trabalhará com o presidente da Comissão que for designado, e disse não temer quaisquer "represálias".
"Nós somos todos institucionais", disse.
Antecipando o Conselho Europeu do final da semana, o ministro fez ainda notar que "o ponto mais importante será a aprovação da agenda estratégica, o programa de trabalhos da UE para o próximo quinquénio (2019-2024)".
"Temos dito que temos de nos entender primeiro sobre o que queremos fazer para nos entendermos subsequentemente sobre quem deve conduzir a UE neste quinquénio", afirmou, sublinhando que, em função dos resultados das eleições europeias de maio, a nova maioria no Parlamento Europeu terá de ter pelo menos três famílias políticas, conservadores (PPE), socialistas (S&D)e liberais (Renew Europe), que, de resto, estão em conversações, tendo cada uma destas forças nomeado dois "facilitadores".
"Temos grande confiança nesse grupo de facilitadores, até porque um deles é o nosso primeiro-ministro", concluiu, referindo-se ao facto de António Costa ser, a par do Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, um dos 'negociadores' dos Socialistas Europeus.
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