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"Causas profundas dos incêndios nunca serão resolvidas" pelo combate

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje, dois anos após o grande fogo de Pedrógão Grande, que as causas profundas dos incêndios "nunca serão resolvidas" a partir dos meios de combate.

"Causas profundas dos incêndios nunca serão resolvidas" pelo combate
Notícias ao Minuto

13:45 - 17/06/19 por Lusa

País Costa

"Depois de 2006, muitos acreditaram que estávamos a salvo e as alterações que tinham sido feitas na Proteção Civil e as estatísticas de redução de áreas ardidas significavam que tínhamos virado uma página. Infelizmente, a página não se virou, porque as causas profundas nunca serão resolvidas nos meios de combate", disse António Costa, que discursava na cerimónia de assinatura de protocolo para a criação do Memorial às Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande, que decorreu na Câmara de Castanheira de Pera, um dos concelhos mais afetados.

Segundo o primeiro-ministro, as causas dos incêndios que afetam o país de forma cíclica apenas poderão ser combatidas quando se conseguir "vencer o desafio extraordinário de revitalizar estes territórios de baixa densidade" e se conseguir "concluir a reforma da floresta".

"Ninguém nos poderá perdoar alguma vez se não fizermos tudo aquilo que está ao nosso alcance para enfrentar estes dois desafios. Não são dois desafios para amanhã, mas dois desafios de médio e longo prazo que não podemos adiar mais uma vez, porque se não, mais uma vez, nós falharemos o compromisso que temos de ter de que isto nunca mais volte a acontecer", frisou António Costa.

O líder do Governo vincou que o risco estrutural do país "não diminui porque num ano a área ardida é menor" ou porque não houve perda de vidas.

O risco estrutural, numa das suas componentes, apenas vai agravar-se face às alterações climáticas, salientou. No entanto, há alterações que apenas dependem "dos homens e das mulheres", notou.

Num momento em que se veem eucaliptais abandonados a regenerar à beira das estradas municipais dos concelhos atingidos pelo grande incêndio de 2017, António Costa apontou para a necessidade da alteração da paisagem, do ordenamento da floresta, da sua recomposição e da sua capacidade de gestão.

"O direito da propriedade é fundamental, mas o direito à vida ainda é mais fundamental. Quando há um conflito de direitos é optar por aquele que é mais importante salvaguardar. Não há nada mais importante de salvaguardar do que o direito à vida", referiu.

Dirigindo-se à presidente da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Nádia Piazza, António Costa agradeceu-lhe a iniciativa e alento "para obrigar a fazer a mudança".

"É muito gratificante ver o apego à vida depois da tragédia e da transformação da dor na determinação de assegurar que mais ninguém sofrerá a dor que seguramente ficará para sempre", disse.

O incêndio que deflagrou há dois anos em Pedrógão Grande e que alastrou a concelhos vizinhos provocou a morte de 66 pessoas e 253 feridos, sete dos quais graves, e destruiu cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.

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