Protesto em escola do Porto em solidariedade com professora agredida
Cerca de duas dezenas de pessoas, entre pais e professores, manifestaram-se hoje junto à Escola Básica da Torrinha, no Porto, em solidariedade com uma docente deste estabelecimento que foi agredida em fevereiro por uma encarregada de educação.
© Global Imagens
País Torrinha
"Mais do que um protesto, esta é uma iniciativa solidária. Estamos contra a violência. Não podemos fazer de conta que não existiu. Passado menos de 48 horas realizou-se um desfile de carnaval na escola como se nada tivesse acontecido. Estamos solidários com a professora Lígia Pinto e com todos quantos sofrem qualquer tipo de agressão", descreveu, aos jornalistas, Margarida Fernandes, promotora do protesto.
Lígia Pinto, professora há 17 anos e a lecionar na escola da Torrinha há sete, foi agredida em fevereiro por uma mãe, uma agressão descrita à época pela PSP como "a soco e pontapé".
A professora está de baixa a aguardar o desfecho de um concurso de mobilidade por doença.
Em declarações à agência Lusa, Lígia Pinto avançou que não pretende regressar à escola da Torrinha devido a "ausência de condições psicológicas" e lamentou que a direção da escola tenha "acolhido a agressora e mandado a vítima para casa".
"Sinto zero apoio, um abandono total, à exceção destes pais e de alguns colegas. Aconteceu um crime público aqui, mas a direção hipotecou o meu futuro. Estou em casa, onde não queria estar, porque queria estar na escola a ensinar os meninos. A escola acolheu a agressora que continua a vir à escola entregar os filhos, mas mandou a vítima para casa", disse Lígia Pinto, numa entrevista interrompida por abraços de crianças, seus alunos até à data da agressão, que a iam cumprimentar esta tarde junto à escola.
"A relação emocional que tinham com a professora deles foi-lhes roubada. Os nossos filhos [com idades próximas ou iguais a sete anos] gostavam e gostam da Lígia [Pinto]. Mas, os nossos filhos, no primeiro ano do seu percurso escolar, viram a professora ferida e no chão. Sentimos que ficaram alterados e afetados e sentimos um vazio de medidas e explicações dos responsáveis", contou, por sua vez, Margarida Fernandes.
Este caso já gerou por parte de um agregado familiar de crianças da turma 1.º B, à qual Lígia Pinto dava aulas e à qual não pertencem os filhos da mãe agressora, exposições a várias entidades, nomeadamente Câmara do Porto, Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares e Ministério da Educação.
À Lusa, Lígia Pinto revelou que já falou, via telefone, com o secretário de Estado da Educação: "Ligou-me pessoalmente para mostrar repúdio e solidariedade, mas não há eficácia nas respostas", contou.
"Educação sim, violência não!" ou "Batam nos tambores e não nos professores" foram algumas das frases entoadas esta tarde junto à escola da Torrinha.
Já nos cartazes e faixas lia-se, entre outras frases, "Professora agredida, comunidade ferida!" ou "Em escola onde há educação, não há lugar a agressão".
A agência Lusa contactou via telefone a direção do Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, ao qual pertence a Escola Básica da Torrinha, mas os responsáveis não quiseram comentar este protesto.
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