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Alterações climáticas? "PS está a cavalgar a onda da moda"

Miguel Sousa Tavares está de acordo com as prioridades traçadas por António Costa para o país, mas lembra que, por exemplo, o PS é, por ventura, o partido que menos teve ligado a preocupações ambientalistas até hoje. "Pelo contrário". E por isso, primeiro-ministro terá de dar uma grande cambalhota para vestir a veste de ambientalista e combater as alterações climáticas.

Alterações climáticas? "PS está a cavalgar a onda da moda"
Notícias ao Minuto

22:02 - 03/06/19 por Melissa Lopes

Política Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares analisou as prioridades para o país traçadas por António Costa, considerando positivo o facto de o primeiro-ministro se ter antecipado a todos os outros partidos na formulação de uma agenda para as legislativas de outubro.

“Não deixa de ser irónico que é o vencedor das Europeias que dá um passo em frente”, disse o escritor no seu espaço habitual no Jornal da Noite da TVI, realçando que, enquanto o PS avança, a oposição mantém-se na mesma.

“Se olharmos para os derrotados [das Europeias], vemos que o PCP, refletindo sobre a derrota disse que a culpa foi de uma campanha de insultos e de difamação. Não tem nada a rever no seu comportamento estratégico, nem apresentou nenhumas perspetivas de alteração da agenda política, antes pelo contrário”.

O PSD, prosseguiu Sousa Tavares, “embrulhou-se numa discussão com o Presidente da República sobre se havia uma crise da direita ou uma crise geral do regime, sendo que Rio preferiu dizer que a crise é de todos, apesar de ter tido o pior resultado de sempre”.

Já o CDS, que teve os primeiros dois dias das suas jornadas parlamentares, gastou esse tempo “a pintar uma casa, literalmente, em vez de refletir porque é que tiveram os resultados que tiveram e porque é que a direita não tem uma agenda política que a distinga do Governo”.

No que concerne aos temas da agenda para as legislativas priorizados por António Costa, Sousa Tavares concorda com todos eles (alterações climáticas, demografia, preparar o país para a transição digital, transparência e corrupção e investimento público).

“A demografia é o problema mais sério que temos em Portugal”, sinalizou o comentador, acrescentando que o envelhecimento da população e a baixíssima taxa de natalidade trarão “problemas para o futuro tremendos”. O cenário demográfico, anteviu, “mais tarde ou mais cedo vai-nos por perante um dilema: importar cidadãos visto que os que temos não chegam”.

Em relação às alterações climáticas, “é óbvio que é o PS a cavalgar a onda da moda, preenchendo um vazio que não foi preenchido por nenhum dos partidos do sistema”, analisou o escritor, reafirmando que esse espaço foi aproveitado pelo PAN para “vestir as vestes de partido ambientalista”.

Nessa prioridade traçada por Costa, Sousa Tavares vê um problema. “O PS é, dos partidos do sistema, talvez aquele que menos teve ligado a preocupações ambientalistas até hoje”. Afirmando não se lembrar de um nome de um governante ou dirigente socialista que tenha ficado à proteção do ambiente, o escritor enfatizou que, “em tantos anos de governo autárquico e central, o PS não contribuiu em nada para a proteção do ambiente, antes pelo contrário”.

No entendimento do comentador, “o PS esteve em tudo o que de mal se fez e em tudo o que de mal se permitiu neste país” e, nesse sentido, António Costa “vai ter que dar uma grandessíssima cambalhota” para “vestir a veste de ambientalista”. “Vai ter que se vestir de super homem, de super homem de feijão verde”, ironizou.

Quanto aos restantes temas, Sousa Tavares disse que preparar o país para a transição digital “é uma coisa onde cabe tudo e mais alguma coisa” e que é algo “muito bonito dizer”, mas é preciso “preencher isso, nomeadamente como é que se protege os direitos dos cidadãos em relação à devassa da sua vida privada”.

No que toca à transparência e combate à corrupção, esta “foi uma má semana para o PS nesse aspeto a nível de poder autárquico”, pontuou Tavares, aludindo à operação Teia.

Por fim, investir em serviços públicos é “absolutamente essencial”. “Não é possível que um cidadão para renovar o cartão do cidadão tenha que passar um calvário”, exemplificou, demonstrando que “estamos a viver o caos nos serviços públicos”.

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