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Governo devia criar embaixadas regionais e Casas de Portugal

Os investigadores que coordenaram um estudo sobre a estrutura diplomática portuguesa, que será apresentado na quarta-feira, defendem que o Governo deveria criar embaixadas de âmbito regional para responder à crescente importância dos processos de regionalização na geopolítica mundial.

Governo devia criar embaixadas regionais e Casas de Portugal
Notícias ao Minuto

09:22 - 03/06/19 por Lusa

País Embaixada

Estas embaixadas, a que os investigadores propõem chamar "radiais" funcionariam como 'hubs' diplomáticos, com competências em vários países.

Os investigadores -- Luís Moita, Luís Valença Pinto e Paula Pereira, do Observatório de Relações Exteriores -- defendem que estas embaixadas radiais sejam formadas por equipas de diplomatas dotados de grande mobilidade, que se manteriam em contacto não apenas com as autoridades dos Estados da sua zona de atuação, mas também com muitos outros interlocutores e, em geral, com a sociedade civil dos países envolvidos.

"Tal modelo obrigaria a novo tipo de estrutura e nova cultura organizacional", admitem.

Os investigadores sugerem ainda que a experiência seja feita com a criação 19 embaixadas radiais, sediadas em locais como Estocolmo, Belgrado, Viena, Roma ou Bogotá.

Esta inovação necessitaria de uma "ofensiva diplomática de explicação aos países envolvidos" para assegurar que a representação portuguesa não ficaria diminuída, sendo antes reforçada.

"Esta solução só seria aceitável a par de uma alteração substancial no estilo institucional e nos procedimentos dos vários agentes diplomáticos", defendem.

Os investigadores consideram ainda que devem ser criados "outros tipos de representação do Estado no exterior diferentes da embaixada convencional", fora das capitais e "em espaços de elevada importância para setores diferenciados".

Estas instituições, propõem, devem chamar-se "Casas de Portugal" e devem estar em locais como o Delta do Rio das Pérolas, Sillicon Valley, junto do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, localizada na Suíça) ou no Estreito de Malaca.

Dois terços dos diplomatas é avesso à nomeação de embaixadores de fora da carreira, os chamados "embaixadores políticos" e três quartos considera que devem existir embaixadores temáticos ou itinerantes, criados para áreas temáticas especializadas.

Mas os diplomatas também sugerem a criação de embaixadores temáticos itinerantes, que não responderia a relações bilaterais ou multilaterais, mas sim a temas.

"Com facilidade se identificam certas áreas onde se justificaria existir um embaixador temático itinerante: as questões energéticas, os oceanos e o mar, as alterações climáticas, as migrações, o ciberespaço ou o Ártico", avançam.

O estudo conclui, através de um inquérito com 109 resposta de diplomatas portugueses, realizado no ano passado, que mais de metade destes profissionais considera que atual número de embaixadas bilaterais insuficiente para representar Portugal no estrangeiro.

No entanto, a tendência do Estado português é de "redução do número de embaixadas", sendo já pensada a possibilidade de "encerrar cerca de 20 embaixadas portuguesas, metade das quais na Europa".

Uma tendência que o Ministério dos Negócios Estrangeiros nega existir.

"Trata-se de uma sugestão dos autores do estudo, que só a eles responsabiliza", referiu o ministério em declarações à Lusa, em reação ao estudo.

"Do lado do MNE, a tendência é para o aumento das representações no estrangeiro", assegurou.

Entre as embaixadas tradicionais, os diplomatas que responderam ao inquérito consideram que as representações multilaterais na União Europeia e nas Nações Unidas e as bilaterais em Washington, Madrid, Luanda, Berlim, Pequim e Brasília são as mais importantes.

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