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Ex-CEME "interpretou bem o momento" ao demitir-se, diz Cravinho

O ministro da Defesa sustentou hoje que o ex-Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) Rovisco Duarte "interpretou bem o momento" ao pedir a demissão a 17 de outubro passado, sublinhando que era preciso "renovar a liderança" no ramo.

Ex-CEME "interpretou bem o momento" ao demitir-se, diz Cravinho
Notícias ao Minuto

19:26 - 02/05/19 por Lusa

País Ministro

Ouvido na comissão de inquérito sobre o furto de material militar dos paióis de Tancos, João Gomes Cravinho fez uma declaração inicial em que, sobre a demissão de Rovisco Duarte, afirmou que ao tomar posse do cargo entendeu que era essencial, em primeiro lugar, "renovar a liderança e o enfoque do Exército".

"Em primeiro lugar, virar a página, por razões óbvias, impunha-se uma nova liderança. O general Rovisco Duarte entregou a carta de demissão [ao Presidente da República] a 17 de outubro e nesse dia e no dia seguinte levei a cabo diligências para escolher" uma nova chefia do Exército, declarou.

Sobre este ponto, instado pelo deputado do PSD Rui Silva a esclarecer quem tomou a iniciativa para a exoneração de Rovisco Duarte, o ministro da Defesa afirmou que "ao pedir a exoneração, o senhor general interpretou corretamente o momento".

"O senhor general interpretou corretamente o momento. Penso que percebeu a situação e tomou a iniciativa necessária, não tive portanto eu de tomar qualquer outro tipo de atitude", acrescentou o ministro, que substituiu Azeredo Lopes no cargo.

Azeredo Lopes apresentou a demissão do cargo no dia 12 de outubro passado, na sequência dos desenvolvimentos da investigação da Polícia Judiciária à operação da Polícia Judiciária Militar que levou à recuperação do material furtado em Tancos.

No âmbito da "Operação Hubris", foram detidos o então diretor da PJM, coronel Luís Vieira, e o major Vasco Brazão, ex-investigador da mesma polícia, que afirmou que o ministro tinha sido informado da "encenação" que levou à recuperação do material.

Na audição de hoje, o atual ministro da Defesa disse que nunca falou com Azeredo Lopes sobre o caso de Tancos, suscitando a "perplexidade" do deputado do PSD Rui Silva.

"Tive uma reunião de transição com o meu antecessor, uma reunião de uma hora. Entre a sua demissão e a minha entrada em função ele e o gabinete dele prepararam uma pasta bastante extensa sobre as matérias em curso. Não falámos dessa matéria, não houve da parte dele nenhuma informação", disse.

João Gomes Cravinho acrescentou que "essa matéria estava já no âmbito judicial", pelo que não considerou "necessário pedir esclarecimentos que ele já deu ou dará oportunamente às instâncias apropriadas".

"O que eu sei é que o meu antecessor manifestou disponibilidade para ser ouvido pelas instâncias apropriadas, não me senti inquisidor, o que me interessava era o ponto da situação que era o conjunto de matérias que vão para além de Tancos", disse.

Gomes Cravinho disse que não conhece o "memorando" que terá sido entregue ao então chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa, general Martins Pereira, com uma descrição da operação de recuperação do material furtado.

O ministro afirmou que quando iniciou funções mandou fazer uma pesquisa completa nos "arquivos e cofres", de forma a assegurar "que não havia nenhum documento recebido no processo do desaparecimento ou das circunstâncias que rodearam o chamado achamento" do material de Tancos.

"Nada foi encontrado que não tivesse sido já entregue às instituições apropriadas, nomeadamente à Procuradoria-Geral da República", disse, referindo por exemplo documentos "de natureza secreta" em resultado de auditorias.

O furto de material de guerra foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017. Quatro meses depois, a PJM revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração de elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé.

Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.

A comissão de inquérito para apurar as responsabilidades políticas no furto de material militar em Tancos, pedida pelo CDS-PP, vai decorrer até junho de 2019, depois de o parlamento prolongar os trabalhos por mais 90 dias.

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