"Estamos a viver uma situação dramática na Venezuela. O país deteriorou-se muito em termos de qualidade de vida. É necessária a ajuda, sobretudo dos países europeus", disse o porta-voz da governação.

Sérgio Padrón falava à agência Lusa, em Clarines (um dos municípios do estado de Anzoátegui, norte da Venezuela), à margem das celebrações locais do 45º aniversário da revolução do 25 de Abril, que aquela autarquia decidiu celebrar oficialmente, tendo em conta a importância da comunidade lusa local.

"Faço um apelo a Portugal, Espanha, Itália, porque há muitos venezuelanos que hoje estão a pedir asilo, uma oportunidade para serem nacionais desses países, oara que, como nós fizemos no passado, lhes deem essa oportunidade, lhes abram as portas, para que possam constituir família e sonhos nesses países", disse.

Sérgio Padrón é da opinião que, uma vez que haja uma mudança de regime e que a Venezuela domine a crise, muitos venezuelanos vão voltar ao seu país, agradecidos pelo apoio recebido.

"Em algum momento eles vão voltar quando recuperarmos a nossa pátria e a liberdade. O apelo que faremos aos que emigraram procurando uma melhor qualidade de vida é que regressem para construir uma nova Venezuela", disse.

Sérgio Padrón, que também é secretário de governo de Anzoátegui, explicou ainda que, na Venezuela, os portugueses são vistos "como aliados, irmãos" e que naquele estado há uma comunidade lusa "muito importante".

"Nós acolhemos os portugueses da melhor maneira, desde há muitos anos. Fazem parte da nossa idiossincrasia, são nossos amigos, irmãos e família, e nos portugueses temos grandes aliados", disse.

Sobre as comemorações, o responsável afirmou que a Revolução dos Cravos é uma fonte de inspiração paera os venezuelanos, "na luta pela liberdade que estão a fazer".

Por outro lado, sublinhou que a Venezuela tem "um potencial imenso", não apenas em "recursos humanos, mas também em recursos naturais, como o petróleo, o ouro, o gás, 'coltan' [columbita-tantalita] e no turismo".

"Que Portugal continue a apoiar-nos como nação e aos portugueses na Venezuela. Apesar das grandes dificuldades que temos, este país é extraordinário e vai dar as condições que permitirão que muitos portugueses regressem de Europa, esperançados numa Venezuela de primeira", sustentou.

Fontes não oficiais dão conta de que no estado de Anzoátegui estão radicados mais de 20 mil lusitanos. Alguns milhares de portugueses e lusodescendentes terão deixado, nos últimos anos, aquela localidade venezuelana devido à insegurança, alta inflação e escassez de produtos básicos.