"Lembro-me de que estava a passar por um momento muito difícil na minha vida pessoal, em que me sentia muito deprimido e solitário. Eu costumava ir muito ao parque para me distrair e ler.

Um dia coincidiu estacionar a minha bicicleta ao lado de um centro temporário de adoção de cães e gatos no parque. Pensei que seria muito terapêutico abordá-los e dar-lhes algum mimo. Estava a fazer isso quando coloquei minha mão num deles que parecia estar a dormir e ele imediatamente me mordeu, nada de muito forte, mas o suficiente para me avisar para ficar longe…

A responsável pelo centro de adoção abordou-me rapidamente e desculpou-se pelo que aconteceu, pedindo-me para não sair: “ele passou por muito sofrimento”

Nesse momento entendi a reação da parte dele, se o único contacto com o homem foi através da crueldade, ele deveria odiar qualquer contacto com alguém.

Perguntei mais sobre ele, e a sua história magoou-me o espírito. Como alguém poderia ter um animal amarrado por oito anos e o maltratar com pontapés? Ele perdeu um olho, e suas costas estavam tortas por ter passado tantos anos sentado.

A senhora responsável disse-me que era possível fazer uma adoção temporária: 'Se quiser, pode ficar com ele por alguns dias, já que eu tenho 45 outros cães para cuidar e ele precisa de muitos cuidados e atenção'.

Coco© Sociedade Protectora dos Animais

Decidi fazê-lo e, a partir do momento em que o levei, soube que realmente não seria temporário.

Ele conseguiu recuperar a visão de um olho, andou novamente com normalidade, aprendeu que o era amor, higiene, calor e carinho. Em apenas dois meses tornou-se outro, o seu espírito, o seu físico e o seu rosto mudaram. Era como se aprendesse a ser um cão.

Mudei a vida dele e ele mudou a minha: o melhor e mais fiel amigo que já tive."

Salomón Shayo

Sociedade Protectora dos Animais