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A dimensão do nacional-sindicalismo português "está subestimada"

O nacional-sindicalismo e o fascismo "plebeu" dos camisas azuis de Rolão Preto no século XX são questões ainda pouco investigadas pelos historiadores contemporâneos disse à agência Lusa Fernando Rosas, que lança este mês o livro 'Salazar e os Fascismos'.

A dimensão do nacional-sindicalismo português "está subestimada"
Notícias ao Minuto

11:23 - 09/04/19 por Lusa

País Fernando Rosas

"Se eu começasse agora a investigar o que eu iria estudar seria a dimensão do fascismo 'plebeu' em Portugal. A dimensão do nacional-sindicalismo está subestimada: o fascismo 'plebeu' do Rolão Preto e dos camisas azuis. A sua maioria acaba por ser integrada pelo Estado Novo, mas o nacional-sindicalismo e o fascismo 'plebeu' teve bastante mais importância no início dos anos 1930 em Portugal, do que se quer normalmente fazer crer", considera o historiador.

Fernando Rosas, professor catedrático jubilado do Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, defende "uma investigação sistemática", em pequenas e médias cidades, sobretudo, sobre o surgimento, atividade e expressão do nacional-sindicalismo porque pode ajudar a perceber melhor aquilo que vai ser o Estado Novo assim como a forma como fez depois a integração no próprio regime.

Além da figura de Francisco Rolão Preto (1896-1977), um dos fundadores do Integralismo Lusitano, e a atividade dos camisas azuis o historiador recorda igualmente o papel da direita republicana na instauração do Estado Novo.

"O republicanismo conservador português rende-se completamente ao Estado Novo. Uma boa parte era militar, ligado ao Partido Republicano e à maçonaria e vão aderir ao movimento militar do 28 de maio de 1926 e depois ao Estado Novo. Uma parte da direita republicana, sobretudo ao nível das elites locais vai passar quase massivamente para a União Nacional, o partido único do Estado Novo", frisa.

No livro 'Salazar e os Fascismos' o historiador estabelece a relação entre os acontecimentos que originaram os regimes ditatoriais fascistas surgidos depois da Grande Guerra (1914-1918) e que acabaram por se implantar nos anos 1930.

O historiador nota também que atualmente, em Portugal, "se abandonou um pouco" o debate sobre a natureza política do Estado Novo em comparação com os regimes fascistas da Europa.

"Houve uma altura em que esse debate teve alguma expressão em Portugal, mas, nos últimos anos, em termos académicos foi abandonado. Não estou a dizer que em termos de memória política o tema não se discuta de vez em quando, mas em termos de discurso académico foi abandonado. O problema tem sido pouco tratado e eu propus-me tratá-lo neste livro: estudar o Estado Novo, sobretudo do ponto de vista da sua comparação com as ditaduras fascistas que apareceram na Europa", conclui.

O livro 'Salazar e os Fascismos' de Fernando Rosas (Tinta da China, 305 páginas) vai ser apresentado no próximo dia 22 de abril, em Lisboa.

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