"Por motivos de interesse público, há um conjunto de municípios, entre eles Paredes e Oliveira de Azeméis, que têm de ter um tratamento de exceção no contexto do próximo quadro comunitário de apoio para recuperarem do atraso que o objetivamente têm relativamente à recolha e tratamento de efluentes", afirmou o ministro.

João Pedro Matos Fernandes falava no final da cerimónia do auto de consignação e lançamento da primeira pedra da obra de ampliação e remodelação da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Campo, em Valongo, em resposta ao desafio do presidente da Câmara de Paredes, Alexandre Almeida, que pediu "uma linha de financiamento comunitária" para resolver o problema do saneamento no concelho.

Dando conta que Paredes e Oliveira de Azeméis "são dois bons exemplos do ponto de vista ambiental", Matos Fernandes revelou, no entanto, "ser incompreensível" que "durante muitos anos", devido a "tanta incúria", não se tenha "conseguido ter as taxas de saneamento que, por exemplo, Valongo tem".

Lembrando estarem os dois concelhos "a beneficiar das candidaturas ao POSEUR do passado", o ministro afirmou estar previsto no "quadro comunitário de apoio que vai começar em 2020 que esses projetos sejam desenvolvidos e possam ser financiados".

A obra hoje iniciada, cuja conclusão está prevista para o último dia de 2020, tem um custo total elegível de 5.106.809,76 euros, sendo que 3.293.841,20 euros são de fundos comunitários e a parte restante suportada pelos municípios de Valongo e de Paredes.

Esta ETAR foi concebida em 1996 para servir a população das freguesias de Valongo, Campo e Sobrado do concelho de Valongo, bem como as freguesias da Gandra, Rebordosa, Lordelo, Duas Igrejas, Astromil e Vilela do concelho de Paredes.

Em funcionamento desde 1999, aquela estação de tratamento de águas residuais, uma vez ampliada, "irá quase duplicar a sua capacidade", refere o comunicado distribuído à comunicação social.

O projeto de ampliação consiste na "construção da terceira linha de tratamento e ajustamentos em alguns órgãos de tratamento, nomeadamente uma etapa adicional no processo de tratamento da fase sólida, que inclui a construção de um digestor anaeróbio mesófilico com aproveitamento do biogás para aquecimento, traduzindo-se num aumento da capacidade de tratamento da ETAR de 51.317 habitantes para 98.278 habitantes", refere a nota de imprensa.

O presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, disse tratar-se do "primeiro dia do fim de um calvário para as populações, devido ao mau cheiro que se fazia sentir há mais de 15 anos".

Enfatizando que em Valongo "quase 100% da população está coberta pelo saneamento", o autarca disse faltar chegar "a apenas 400 ou 500 casas" e que a ETAR de Campo, por abranger uma população de "cerca de 100 mil habitantes, torna-a importante para 1% da população portuguesa".