Autarca de Alcácer desconhece que concelho já é abastecido por água
O Governo considerou hoje que o presidente da Câmara de Alcácer do Sal "desconhece" que o concelho já é abastecido por água do Alqueva, referindo que as críticas do autarca, eleito pela CDU, são "infundadas".
© Reuters
País Capoulas Santos
"O Governo lamenta as declarações do presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal relativamente à inexistência de respostas à escassez de água. São declarações infundadas que revelam um desconhecimento que seria fácil de colmatar com reduzido esforço", refere em comunicado o gabinete do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.
O documento acrescenta que o concelho de Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, já é abastecido por água do Alqueva desde sexta-feira.
"O autarca critica a falta de ligação de Alqueva às barragens de Vale do Gaio e de Pego do Altar, revelando desconhecer que a barragem de Vale do Gaio está já não só ligada a Alqueva, mas a receber água desta origem desde a passada sexta-feira", acrescenta o comunicado.
O presidente da Câmara de Alcácer do Sal criticou hoje o Governo, liderado pelo socialista António Costa, pela "falta de respostas" para enfrentar a seca na bacia hidrográfica do Sado, afirmando que o grupo de trabalho, criado em 2018, não produziu efeito.
"É uma situação extraordinariamente preocupante que exige de todos nós medidas para mitigar e acelerar respostas, que há muito temos defendido e o Governo não tem tomado as medidas suficientes para resolver este problema ou para atenuar as consequências das alterações climáticas", disse à agência Lusa Vítor Proença.
Com os níveis da albufeira de Pego do Altar, em Alcácer do Sal, abaixo dos 50% e perante esta "dura realidade", o autarca comunista reclama "medidas e ações", porque, segundo diz, "se não chover, não há resposta" para enfrentar os efeitos da seca.
"As barragens são alimentadas pela água da chuva e se não chove não há água para os agricultores. O arroz de Alcácer do Sal representa 30% da produção nacional, o que significa que o país perderá, assim como os agricultores, a economia local, tudo aquilo que o arroz movimenta, mas também as pastagens, o gado e outras culturas", alertou.
O autarca recordou que o ano passado, para atenuar os efeitos da seca que atingiu a bacia hidrográfica do rio Sado, foi constituído um grupo de trabalho "que só recentemente entrou em funcionamento".
"Em abril do ano passado reunimos com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e só nove meses depois e devido à insistência da câmara municipal é que aceleradamente se veio a constituir o grupo de trabalho que é coordenado pela Agência Portuguesa do Ambiente", criticou.
O grupo de trabalho defende "a ligação de Alqueva às barragens do Vale do Gaio e de Pego do Altar", uma vez que "existem soluções técnicas" que a EDIA [Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva] já ponderou".
"Tem havido uma desvalorização muito grande em relação a esta matéria, designadamente a ligação de Alqueva a estas duas barragens, que não é nada de extraordinário e que tem de ser feito", apelou.
O Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado, de Alcácer do Sal, já estimou "uma quebra entre 20 e 25%" da área de cultivo de arroz devido à seca.
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