Debate sobre descolonização dos museus realiza-se hoje em Lisboa
A descolonização dos museus vai ser tema de um debate que decorrerá hoje, no Instituto de Ciências Sociais, da Universidade de Lisboa, com a presença de museólogos, entre os quais Wayne Modest, subdiretor do Tropenmuseum, na Holanda.
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País História
Promovido pela Associação Acesso Cultura, o encontro tem como objetivo debater "a descolonização dos museus, que tem estado na ordem do dia em vários países do mundo, especialmente em países que, no passado, tiveram colónias e/ou com uma forte ligação à escravatura", como Portugal.
Para o debate, a Acesso Cultura convidou também investigadores, antropólogos, artistas e ativistas, nomeadamente Catarina Simão, Isabel Raposo Magalhães, Joacine Katar Moreira, Judite Primo, Luís Raposo, Manuel Dias dos Santos e Paulo Costa.
Para dar seguimento ao tema suscitado no ano passado, a entidade decidiu convidar Wayne Modest, subdiretor do Tropenmuseum, "uma referência no que diz respeito às práticas de descolonização".
"O debate em Portugal foi aceso, o que pode ser considerado um bom sinal. Raramente os museus e o seu papel na sociedade são discutidos publicamente e de forma tão intensa", assinala a associação, recordando a discussão em torno do projeto da criação de um Museu dos Descobrimentos pela Câmara Municipal de Lisboa.
O tema não é novo, mas o debate internacional cresceu desde que o presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu encetar esse processo relativamente às ex-colónias, começando por devolver um conjunto de peças ao Benim.
Para melhor fundamentar a questão da restituição de objetos ilegalmente retirados dos seus territórios de origem durante o período colonial, o chefe de Estado francês pediu a um grupo de especialistas para elaborarem um relatório que intensificou o debate no meio cultural.
Em Portugal, a questão foi também intensificada depois das declarações da ministra da Cultura de Angola, Carolina Cerqueira, ao jornal Expresso, admitindo mesmo ter a intenção de dar início a "consultas multilaterais" para "regularizar a questão da propriedade e da posse", da "exploração dos bens culturais angolanos no estrangeiro".
A Acesso Cultura - Associação Cultural, criada em 2013, instituiu prémios que tem vindo a entregar anualmente para distinguir entidades que apliquem boas práticas na área da acessibilidade cultural, tanto a nível físico, como social e intelectual.
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