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Empresário português nunca viu "nada disto" em 23 anos em Moçambique

O português Jorge Fernandes, dono de um restaurante na Beira, está há 23 anos em Moçambique e já assistiu a algumas tempestades, mas garante que nenhuma comparável ao ciclone Idai, que lhe destruiu a casa e o estabelecimento.

Empresário português nunca viu "nada disto" em 23 anos em Moçambique
Notícias ao Minuto

15:58 - 20/03/19 por Lusa

País Ciclone Idai

O Nhumba Yathu ('A nossa casa' no dialeto local) era um dos restaurantes que foi varrido da praia pelo Idai que devastou mais de 90% da cidade da Beira, segundo a Cruz Vermelha Internacional.

"A cidade da Beira está completamente destruída", confirma o português Jorge Fernandes, proprietário do agora desaparecido Nhumba Yathu.

O empresário, que, "por sorte", vivia num primeiro andar, estava em casa com a família quando o ciclone tropical Idai atingiu a Beira, a cidade moçambicana mais afetada pela catástrofe.

Entre quinta e sexta-feira, a ventania começou a aumentar de intensidade "por volta do meio dia, acompanhada de chuvas fortes, e só começou a abrandar no dia seguinte às seis da manhã", contou.

"Nunca apanhei isto. Passei às vezes ventos fortes, mas não era nada que se comparasse com isto", relatou Jorge Fernandes à Lusa, salientando que nunca tinha visto a cidade toda inundada.

O empresário refugiou-se com os três filhos e a mulher em casa de amigos e disse não ter conhecimento de mortos ou feridos entre os portugueses.

Nos dias que se seguiram à passagem do Idai, apesar de continuar a chover com intensidade, Jorge Fernandes tentou recolher alguns bens e "aproveitar aquilo que restava".

O restaurante dispunha de uma reserva de água e alimentos, que foram distribuídos pelos amigos "com gerador, para não se estragar a comida", mas Jorge Fernandes mostra-se preocupado com os próximos dias, sobretudo porque a água começa a escassear.

"Agora vai faltar tudo", constata.

Embora esteja numa casa com gerador, Jorge Fernandes afirma que a maior parte das pessoas não dispõem deste tipo de equipamento e alerta para a escassez de água.

"Para a água mineral está difícil porque essa água vinha de Chimoio e a estrada está cortada, as pessoas têm dificuldade em adquirir água e a água da companhia não sai", afirma.

Os habitantes da Beira só agora começam a aperceber-se da dimensão da tragédia.

"Só hoje praticamente é que conseguimos ter televisão e começamos a perceber o que se passou. Não tínhamos informações, não temos dados móveis, nem rede, não temos energia", desabafou o empresário.

Em Moçambique, o presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou na terça-feira que mais de 200 pessoas morreram e 350 mil "estão em situação de risco", tendo decretado o estado de emergência nacional.

O país vai ainda cumprir três dias de luto nacional, até sexta-feira.

O Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora, atingiu a Beira (centro de Moçambique) na quinta-feira à noite, deixando os cerca de 500 mil residentes na quarta maior cidade do país sem energia e linhas de comunicação.

A Cruz Vermelha Internacional indicou na terça-feira que pelo menos 400 mil pessoas estão desalojadas na Beira, em consequência do ciclone, considerando tratar-se da "pior crise" do género no país.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, viajou para a Beira, onde dezenas de portugueses perderam casas e bens devido ao ciclone Idai, para acompanhar o levantamento das necessidades e o primeiro apoio às populações afetadas.

O ciclone atingiu também o Malawi e o Zimbabué, totalizando os três países mais de 350 mortos.

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