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Ex-CEME responsabiliza dois tenentes-generais pela crise no Exército

O ex-chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) Rovisco Duarte atribuiu hoje a crise no ramo após o furto nos paióis de Tancos aos dois tenentes-generais que se demitiram em junho de 2017 por questões de "gestão de carreiras".

Ex-CEME responsabiliza dois tenentes-generais pela crise no Exército
Notícias ao Minuto

21:25 - 06/03/19 por Lusa

País Tancos

"Noventa por cento, jogando com as probabilidades, são disputas pessoais de gestão de carreiras. Dez por cento foi a surpresa e o choque" com o que aconteceu nos paióis, afirmou Rovisco Duarte numa audição na comissão parlamentar de inquérito ao furto de Tancos, na Assembleia da República, em Lisboa.

Esta foi a resposta do antigo CEME a uma pergunta do deputado do PS Santinho Pacheco que o questionou se Tancos abriu uma crise no Exército ou se tinha posto a nu "disputas antiga entre generais" por causas de gestão de carreiras.

"Se os tenentes-generais não tivessem saído, nada disto tinha acontecido", afirmou, referindo-se à demissão (passagem à reserva) dos comandantes das Forças Terrestres, Faria Meneses, e de Pessoal, Antunes Calçada, por discordarem da exoneração de cinco comandantes de unidades responsáveis pela segurança dos paióis, dias após o furto, em julho de 2017.

Rovisco Duarte relatou ainda que sofreu pressões para "dizer quem seria o vice-CEME", afirmou, deixando ainda outra afirmação: "Não é por acaso que havia uma postura critica relativamente à tutela por parte destes dois tenentes-generais."

Rovisco Duarte acusou o ex-CFT e o ex-comandante do Pessoal, Antunes Calçada, de terem atuado "lado a lado" contra o seu comando como Chefe do Estado-Maior do Exército.

Frisando que "nunca exoneraria" o tenente-general Antunes Calçada, com quem teve divergências ao longo de 40 anos, Rovisco Duarte disse que foi "perdendo a confiança" em Faria de Meneses, em primeiro lugar pela "atitude" que tomou após a morte de dois recrutas no curso de comandos.

"A posição do CFT era refugiar-se no processo de averiguações para ver o que se passava", uma posição que Rovisco Duarte disse ser "de conforto".

"Quando foi o curso de Comandos, ninguém sabia o que havia de fazer. Neste caso, também o Conselho Superior do Exército não apresentou propostas concretas, estive sozinho no problema dos Comandos e estive sozinho no problema de Tancos", disse.

O ex-CEME acusou Faria de Meneses de, enquanto CFT, desvalorizar problemas reais da 1.ª Força Nacional Destacada na República Centro Africana durante uma visita àquele teatro de operações e de ter "omitido alguns factos graves" que não revelou por questões de "segurança militar".

"O relatório [do Comandante das Forças Terrestres] que eu recebi referia uns problemazinhos resolúveis e depois eu recebo um mail do comandante [da força] que apontava problemas críticos no terreno", disse.

Rovisco Duarte contou que foi ao terreno aproveitando um voo de transporte de material num C-130 para verificar o que se passava, descobrindo que "o estado de inoperacionalidade das viaturas era de 40%".

"O Exército num mês colocou no teatro 36 toneladas de sobressalentes [para a reparação das viaturas]", disse.

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