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Justiça húngara decide extraditar Rui Pinto para Portugal. Hacker recorre

Justiça húngara decidiu esta terça-feira pela extradição de Rui Pinto, mas o hacker já fez saber que irá recorrer. O colaborador do 'Football Leaks' está acusado de seis crimes pela justiça portuguesa.

Justiça húngara decide extraditar Rui Pinto para Portugal. Hacker recorre
Notícias ao Minuto

11:21 - 05/03/19 por Fábio Nunes com Lusa

País Justiça

A justiça húngara decidiu extraditar Rui Pinto, o hacker dos emails do Benfica, para Portugal. A decisão foi tomada esta terça-feira durante uma sessão no Tribunal Metropolitano de Budapeste.

Rui Pinto tinha pedido à juíza para não ser extraditado para Portugal, afirmando que se tratava de "uma questão de vida ou de morte". Mas na sua decisão a juíza considerou que esse risco não podia ser comprovado.

O tribunal de Budapeste decidiu ainda que os materiais que foram confiscados a Rui Pinto quando foi detido também serão enviados para as autoridades portuguesas. 

Os advogados do hacker decidiram, porém, recorrer desta decisão, sendo que o recurso tem "efeito suspensivo imediato" da decisão. Assim, Rui Pinto vai aguardar em território húngaro o desfecho deste apelo, explicou fonte próxima do processo à Lusa.

Antes de a juíza deliberar e se pronunciar, Rui Pinto referiu que não seria "julgado de forma justa em Portugal" e que tinha recebido ameaças de morte. 

"Vocês sabem o que se está a passar, não sabem? Perguntem a 10 milhões de portugueses se Portugal é um país seguro. Se é um país justo, com uma justiça justa", referiu ainda. 

Questionado sobre se estaria disposto a colaborar com o Ministério Público português se lhe fosse dada garantia de proteção em caso de extradição, o hacker disse que "duvida que exista vontade do Ministério Público em considerar essa hipótese".

Acerca do seu alegado envolvimento no roubo dos emails do Benfica, Rui Pinto considera que "essa tentativa de colagem que existiu do roubos dos emails ao Football Leaks é completamente ridícula" e acrescentou que "o caso do Benfica é um exemplo de como a justiça em Portugal é inexistente".

"Portugal está podre. O que se passa com o caso dos emails é uma treta"

Já depois de ser conhecida a decisão da justiça húngara, Rui Pinto reagiu, afirmando ter entregado provas à justiça francesa de que agentes da PJ usaram o email pessoal para falarem com membros da Doyen.

Lançando um manto de suspeição às autoridades e à justiça portuguesas, o hacker frisou que é "escandaloso o que está a acontecer" e revelou ter entregado provas à justiça francesa do comportamento "gravíssimo" de agentes da Polícia Judiciária". 

"Quando vemos agentes da PJ a usarem emails pessoais para falarem com agentes da doyen e a tratarem-nos como amigos, isso é gravíssimo. O Ministério Público investiga isso? Não investiga", atirou Rui Pinto.

O hacker sublinhou também que a cultura no futebol em Portugal "não vai mudar", uma vez que "não há cultura de desporto, há cultura de clubismo". 

"Ainda por cima quando temos agentes da polícia, magistrados, juízes, que infelizmente levam a paixão clubística muito a sério, que têm convites vip para irem ver jogos de futebol, não vai mudar. Portugal está podre. Tudo que se tem passado com o caso dos emails, com o e-Toupeira é uma treta, não vai acontecer nada", realçou.

Defendendo que o que tem feito como 'whistelblower' "não visa nenhum clube específico" e que até fica "entristecido com algumas coisas que sabe do FC Porto", o seu clube, Rui Pinto enfatizou que não se "arrepende de nada. Fazia tudo de novo".

Recorde-se que Rui Pinto está em prisão domiciliária em Budapeste desde 18 de janeiro, na sequência de um mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).

Na base do mandado estão o acesso aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento 'Doyen Sports' e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de jogadores do Sporting e do então treinador Jorge Jesus, assim como de contratos celebrados entre a 'Doyen' e vários clubes de futebol.

Em 13 de fevereiro, o tribunal húngaro rejeitou o recurso do Ministério Público daquele país para que Rui Pinto passasse a prisão preventiva, mantendo o português em prisão domiciliária, enquanto aguardava o desenrolar do processo de extradição para Portugal, ao qual se opôs.

Rui Pinto terá acedido, em setembro de 2015, ao sistema informático da "Doyen Sports Investements Limited", com sede em Malta, que celebra contratos com clubes de futebol e Sociedades Anónimas Desportivas (SAD).

O 'hacker' é também suspeito de aceder ao email de elementos do conselho de administração e do departamento jurídico do Sporting e, consequentemente, ao sistema informático da SAD 'leonina'.

Rui Pinto está indiciado de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo, um de ofensa a pessoa coletiva e outro de extorsão na forma tentada.

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