A angolana Maweth Daniel, a residir temporariamente na Amadora, admitiu que "poderia melhorar" o relacionamento entre Portugal e Angola, porque assinalou "podem ser ainda melhores" as relações, depois de uma fase de tensão, por causa do caso Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, no último mandato de José Eduardo dos Santos.

"Tudo depende da boa fé dos que participam em tudo", disse, referindo-se "não só ao Presidente de Angola", João Lourenço, que sucedeu a José Eduardo dos Santos, na Presidência angolana de 1979 a 2017.

A imigrante em Portugal declarou que "também dos colaboradores" de João Lourenço espera "boa fé".

Reconhecendo que "as relações entre Portugal e Angola são com certeza importantes", a angolana sublinhou que "o importante é continuar a que seja um trabalho contínuo".

"Como angolanos deviamos aprender a beber mais do bom lado das outras culturas. Os nossos dirigentes têm viajado à Europa. Deviam ver o que há de bom na Europa e passar não só para Angola como para a África em geral", sustentou Maweth Daniel.

Aristides Mendes Furtado, há 10 anos a viver na Amadora, igualmente na Amadora, afirmou que a visita oficial de João Lourenço a Portugal, em novembro do ano passado, marcou o início de uma nova realidade.

"Desde que o nosso Presidente veio visitar Portugal, as coisas melhoraram entre as duas partes. Acho que vai melhorar ainda mais", disse, com convicção.

No entender do angolano, o contacto bilateral entre Portugal e Angola "é muito importante na base do comércio, do emprego, muita coisa", entre as quais a emissão de "vistos de trabalho e cooperação de culturas".

Marcelo Rebelo de Sousa estará em visita oficial em Angola até 09 de março, com um programa que consagra estadas em Luanda, Benguela e Huíla.

A visita do Presidente da República Portuguesa sucede à de João Lourenço a Portugal, em novembro do ano passado.

Dois meses antes, o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, realizou uma visita oficial de dois dias a Angola.

Desde novembro de 2011 que um chefe do Governo português não visitava oficialmente Angola. O último primeiro-ministro tinha sido Pedro Passos Coelho.

Em setembro de 2017, Marcelo Rebelo de Sousa esteve presente na tomada de posse de João Lourenço como Presidente da Angola, numa altura em que havia uma certa tensão entre os dois países por causa do processo judicial em Portugal interposto contra Manuel Vicente, vice-presidente de Angola, no consulado de José Eduardo dos Santos.

No discurso de tomada de posse, João Lourenço excluiu Portugal dos "importantes parceiros" económicos de Angola, referindo também "outros parceiros não menos importantes, desde que respeitem a soberania".