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'Sim Somos Capazes' em Gaia forma jovens com necessidades especiais

O projeto 'Sim Somos Capazes', desenvolvido no Agrupamento de Escolas de Canelas, em Vila Nova de Gaia, acolhe jovens com Necessidades Educativas Especiais, formando-as para o mercado de trabalho, após completarem a escolaridade obrigatória.

'Sim Somos Capazes' em Gaia forma jovens com necessidades especiais
Notícias ao Minuto

09:00 - 01/03/19 por Lusa

País Ensino

A iniciativa começou em 2017, quando o pai de um aluno com trissomia 21, José Durães, se viu perante a dúvida: "O Pedro acabou o 9.º ano, a oferta de trabalho é escassa, as instituições estão lotadas. E agora?".

A resposta surgiu com o 'Sim Somos Capazes', desenhado por um professor de educação especial de Canelas, Luís Baião, e pela assistente social, Sílvia Campos.

Ao Pedro, que sonha ser pasteleiro, e por isso completa tarefas como fazer bolos caseiros ou pãezinhos com chouriço no "Sim Café" -- o bar do projeto - somaram-se a Filipa e a Sara, o Jorge que corta a relva da escola, o João que aprendeu a lavar e a aspirar carros, o outro Pedro que é a alma da banda de música e o Márcio que trata de três galinhas, dois granizos, uma pata e um pato.

São jovens com Necessidades Educativas Especiais (NEE), que põem a matemática em prática ao fazerem os trocos da venda de fatias de bolo feito com ovos do galinheiro, ou de alfaces plantadas na estufa hidropónica instalada no jardim da escola.

Que contam "A Cigarra e a Formiga" ou "O Dragão e a Princesa" a crianças do pré-escolar, na atividade Hora do Conto ou representam com seniores da Academia Sénior peças sobre a história de Portugal.

Jovens entre os 18 e os 22 anos que atuam na banda "Sem nome (ainda)", colaboram em projetos de restauro e planeiam ampliar o serviço de cafetaria à confeção de refeições ligeiras.

Cada café custa 40 cêntimos. São plantadas quatro dezenas de pés de alface por semana. E, qual marisqueira onde se pode escolher a lagosta que vai para a mesa, no "Sim Café" vai ser possível escolher o legume ou as ervas aromáticas que vão para o prato.

"Sou aqui de Mafamude e gosto muito de fazer esta tarefa [recolher o cartão da escola], gosto muito de estar aqui. Antigamente estava em casa sem fazer nada, agora toco bateria e 'cajón' [instrumento de percussão]. Depois vocês vão lá baixo ver-me a tocar uma música, para ficarem contentes. Gosto muito que as pessoas fiquem felizes", disse, à agência Lusa, um dos protagonistas do 'Sim Somos Capazes', Pedro Martins.

Antes, Márcio Ribeiro, já tinha mostrado o 'galinheiro-trator' do projeto, um galinheiro com rodas que se desloca pelo terreno para que as galinhas vão fertilizando a terra e mudando de local e de vistas.

"Tentamos incentivá-los a ter um sonho e com esse sonho surgem as competências. Geralmente, estão divididos entre tarefas ao ar livre e, quem gosta mais de atendimento ao público, trabalha no bar. Este é um projeto com preocupações sociais, ambientais e económicas, que procura ser autossuficiente e dar apoio à comunidade. Estes jovens, orientados, conseguem tudo", descreveu Luís Baião.

Já a assistente social destacou como aspeto "diferenciador" do projeto "o contacto direito com as pessoas" que, disse Sílvia Campos, propicia a "adaptação ao dia a dia e a socialização".

"Em causa está o desenvolvimento pessoal do individuo. Os jovens não estão numa ilha, convivem com outras pessoas, trabalham o empreendedorismo e as famílias veem nestas atividades uma oportunidade de transição para o mercado de trabalho", acrescentou.

O 'Sim Somos Capazes' nasceu dentro da escola, mas para poder candidatar-se a fundos e apoios, nomeadamente aos Acordos de Atividades Socialmente Úteis da Segurança Social, decidiu associar-se a uma Instituição Particular de Solidariedade Social, a Santa Isabel.

Esta ligação serve para aumentar a capacidade do projeto que começou com três jovens e passará a dez até ao final do ano.

"Está a chegar a um ponto em que é impossível aumentarmos o apoio a outros jovens só com voluntários e, por outro lado, é nosso objetivo pagar aos jovens pelo trabalho deles. Até ao momento, tudo o que é angariado [com as vendas no café, a lavagem de carros ou nas atuações] é investido no projeto de vida deles, mas, tendo recursos materiais, queremos começar a pagar-lhes pelo trabalho que desenvolvem", apontou o Luís Baião.

O projeto também conta com aulas de vela e natação, estando dividido em quatro vertentes: trabalho, talento, lazer e escolaridade.

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