Apesar de a nível nacional as reservas estarem estáveis, a verdade é que há um tipo de sangue que está a ser mais preciso nesta altura em Portugal. Para os grupos sanguíneos zero negativos (ORh-) as reservas existentes dão apenas para até quatro dias.

O alerta foi dado pela diretora do Centro Regional do Sangue de Lisboa, esta quinta-feira à Rádio Renascença. Em declarações ao Notícias ao Minuto, Ana Paula Sousa apelou à doação, sobretudo nesta altura em que se aproxima uma época festiva, o Carnaval. “Não será demais lembrar que a dádiva de sangue pode permitir dar vida ou melhorar a qualidade de vida de quem precisa”, realçou.

A mesma responsável deu conta de que a nível nacional as reservas de sangue estão estáveis, encontrando-se entre 5 - 7 dias para os diferentes grupos sanguíneos negativos (A-, B-, AB-), excepto para os zero negativos (ORh-) que se encontra até quatro dias.

E por que razão? Ana Paula Sousa explicou que o inventário nacional é gerido de acordo com as necessidades de sangue, solicitadas pelas instituições de saúde, quer públicas quer privadas, e que “há oscilações temporárias que ocorrem”, consoante o tipo de doentes, o tipo de cirurgias, os politraumatizados, e etc. 

Segundo a responsável, ao longo do ano registam-se também variações no número de dadores, no número de dádivas e que são facilmente justificáveis. “Recentemente, estivemos com um pico de gripe e durante este surto parte dos dadores foi impedido de doar sangue”, exemplificou, explicando que essas variações “podem ter impacto num ou noutro grupo sanguíneo, de forma aleatória”.

Ana Paula Sousa recordou que, apesar das variações, “Portugal é autosuficiente em sangue e seus componentes, com uma taxa de 32 dádivas por 1000 habitantes e de transfusão de CE de 30 por 1000 habitantes.”

Há dadores suficientes em Portugal?

Tendo em linha de conta a população dadora, com mais de 18 anos de idade, o número de dadores a nível nacional é de aproximadamente 3%, o que se enquadra nas recomendações internacionais, refere a responsável, apontando que há "um equilíbrio dinâmino entre as existências (dadores e dádivas) e as necessidades dos doentes.  

Mas quando as reservas baixam, como é o caso do tipo zero negativo, que medidas tomam as unidades de saúde? 

Para a diretora do Centro Regional do Sangue de Lisboa, as  mensagens de sensibilização para a população são fundamentais, assim como o agradecimento ao dador - "que permite que a nível nacional sejam colhidas aproximadamente, e em média, 900 unidades/dia".

Além disso, a responsável destacou medidas como a articulação com a comunicação social pela passagem de uma informação esclarecida; a articulação com os parceiros nesta atividade de sensibilização da comunidade dadora, como sejam os grupos e associações de dadores (federadas e não federadas) e a articulação com entidades que promovem a responsabilidade social (empresas, universidades e outros stakeholders).

A longo prazo, é também fulcral "a articulação com o Ministério da Educação, com promoção da literacia para a dádiva de sangue, e o Ministério da Saúde, com envolvimento das unidades de cuidados de saúde primários no esclarecimento sobre os critérios de elegibilidade do dador", sublinha a mesma responsável. 

E porque nunca é demais relembrar, qualquer cidadão saudável, com mais de 18 anos e mais de 50 kg de peso, pode tornar-se dador. Como? Primeiro, deve consultar o site dador .pt e avaliar qual o ponto de colheita mais próximo do trabalho ou da sua residência.