Incêndios: Autoridades devem evitar evacuações gerais de aldeias
O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra recomenda às autoridades que evitem evacuações gerais de aldeias em caso de fogo, considerando que devem "ponderar bem" esta decisão.
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País Relatório
"A prática, que tem sido implementada pelas autoridades, de ordenar evacuações maciças de aldeias e lugares ameaçados, embora possa ser justificável numa perspetiva de salvaguarda de vidas, pode ser errada se não estiver bem planeada e não for executada com muita antecedência", considera o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, liderado por Domingos Xavier Viegas, no relatório "Análise dos Incêndios Florestais ocorridos a 15 de outubro de 2017".
O documento hoje divulgado sublinha que, em caso de incêndio, as autoridades devem "ponderar bem a decisão de mandar evacuar uma localidade, um edifício ou mesmo uma casa" e ao "fazê-lo devem tomar as medidas necessárias para que as pessoas envolvidas o possam fazer com tempo e em segurança".
"Uma evacuação não pode ser uma fuga", sustenta o relatório, recomendando que se evitem "as evacuações gerais" e que forcem todas as pessoas a retirar-se.
A equipa do investigador Xavier Viegas indica que, na larga maioria dos casos, existem nas localidades pessoas com aptidão física e com recursos para permanecer e defender o que é seu.
"As ações de evacuação devem ser secundarizadas face à concentração de pessoas num local apropriado, no entanto, caso a evacuação em segurança seja a opção mais favorável, deve haver uma reflexão sobre a possibilidade de permanência de pessoas nas povoações, assegurando a proteção de bens, tanto no que respeita à ameaça do fogo, como no âmbito de segurança contra furtos ou outras ações humanas", sustenta o relatório.
Assim, os investigadores da Universidade de Coimbra consideram que as comunidades deveriam constituir um grupo de pessoas com agilidade física e mental que fossem treinadas para este fim, assegurando simultaneamente condições que garantam a segurança destes elementos.
O incêndio de 15 de outubro de 2017 afetou sobretudo a região Centro de Portugal e provocou 51 mortos, quatro meses depois um outro fogo de grandes dimensões em Pedrógão Grande em que morreram 66 pessoas.
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