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UNESCO está a passar fase de "crise e impasse"

Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, refere que a crise no multilateralismo e a saída dos Estados Unidos estão a afetar a organização, mas que as propostas nacionais para educação e ciência avançam já este ano.

UNESCO está a passar fase de "crise e impasse"
Notícias ao Minuto

07:00 - 15/02/19 por Lusa

País Sampaio da Nóvoa

Portugal assumiu no fim de 2017 uma das vice-presidências do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que é constituído por 58 países - a UNESCO tem 193 países no total, sem Israel e Estados Unidos que se retiraram recentemente - e este é um "momento importante" para o país, segundo disse Sampaio da Nóvoa em entrevista à agência Lusa.

"Nós somos chamados a marcar a agenda, a fazer o debate, a preparar os debates. É um momento muito importante da presença de Portugal na UNESCO", indicou o antigo reitor da Universidade de Lisboa, ressalvando que o multilateralismo se mantém como o tema central da participação nacional no centro desta organização, embora seja um conceito em crise.

"O multilateralismo está numa crise grave, ninguém tem falado melhor nisso do que António Guterres [secretário-geral da ONU]. [...] Precisamos de ter ao lado de uma lógica intergovernamental, uma lógica da sociedade civil, dos educadores, dos cientistas. É isso que pode fazer sair a UNESCO da situação de crise e impasse que se tem encontrado nos últimos anos", afirmou o embaixador português.

E a situação "complicada" da UNESCO deve-se, segundo Nóvoa, a diferentes motivos. Desde logo à retirada dos Estados Unidos, mas também as "regras de funcionamento internas que aqui existem que são de uma burocracia infindável", os problemas financeiros e ainda os temas que se trouxeram para dentro da instituição.

"Aquilo que se fala muito é o conceito da politização da UNESCO [...] Foram muitos problemas entre Israel e Palestina, problemas entre a Rússia e a Ucrânia, que são problemas estritamente políticos e claro que o pretexto é que se resolvam por via da cultura, mas que a UNESCO não tem capacidade para resolver. Foi essa lógica que levou a um impasse e a um recolhimento da UNESCO no que são as suas verdadeiras causas: a educação, a ciência, a cultura, paz e direitos humanos", afirmou.

Neste ponto, Sampaio da Nóvoa fez avançar duas propostas já acolhidas pela diretora-geral da organização, Audrey Azoulay, e que deverão ser agora aprovadas pelo Conselho Executivo em abril. Uma prende-se com a educação, onde Nóvoa propôs fazer um novo relatório sobre a educação.

"E se fizer isso, a UNESCO vai reconquistar uma voz no debate sobre o futuro da educação", afirmou, indicando que este relatório poderá estar pronto já em 2021.

E, no âmbito da ciência, tornar a UNESCO num "fórum que serve de eco às grandes preocupações científicas", nomeadamente a questão da ciência aberta.

"A ciência tem de estar aberta a todos, não pode estar fechada [...] Interessa-me a relação entre a ciência e a sociedade e da participação dos cidadãos na agenda científica", referiu.

Quanto à cultura, e com duas candidaturas portuguesas a Património Mundial a decorrer - Bom Jesus em Braga e Real Edifício de Mafra -, o embaixador mostrou-se otimista, mas avisa que os processos são "complicados", com a decisão da avaliação técnica a ser conhecida já no final de fevereiro, início de março.

"Estão em avaliação técnica, até ao final de fevereiro, início de março. Eu sou sempre otimista, as duas candidaturas são excelentes iniciativas e estamos a falar de duas realidades que merecem ser reconhecidas como património mundial. O problema são os processos das candidaturas, que são muito complicados", avisou.

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