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Fake news: "Técnicas da manipulação misturam medo e emoções"

As "fake news", ou notícias falsificadas, são "fabricadas" de acordo com técnicas já estudadas, que exploram a emoção, o medo ou as teorias da conspiração.

Fake news: "Técnicas da manipulação misturam medo e emoções"
Notícias ao Minuto

06:27 - 07/02/19 por Lusa

País Ana Pinto Martinho

Em entrevista à agência Lusa, a jornalista e professora universitária Ana Pinto Martinho explicou que este tipo de "informações" pode até ter "um pequeno fundo de verdade", para "depois fazer levar as pessoas a acreditar noutras coisas que são um pouco mais complexas".

Quem as faz, baseia-se em temas "em que se percebe que as pessoas estão com maiores problemas", base potencial para o populismo, acrescentou, num trabalho preparatório sobre "fake news", tema de uma conferência, a realizar em 21 de fevereiro, em Lisboa, e organizada pelas duas agências noticiosas de Portugal e Espanha, Lusa e Efe, com o título "O Combate às Fake News - Uma questão democrática".

As técnicas são várias, a começar pela personificação, recorrendo, por exemplo, ao Twitter para criar um perfil falso, mas parecido com o de alguém, e começam a divulgar "informações".

Inicialmente, as pessoas acreditam que se calhar é daquela pessoa, depois podem descobrir que o perfil não é verdadeiro, mas "vão seguindo, já lá estão".

"Uma parte da estratégia" é "jogar com as emoções das pessoas", tentado instalar "o medo" em relação a determinados temas, como o dos imigrantes, que "vêm tirar o nosso trabalho", tentando-se ainda estimular a polarização entre campos: "se não estás comigo", estás "do outro lado, e estás errado".

As "teorias da conspiração" são igualmente usadas nesta estratégia e Ana Martinho deu o exemplo das vacinas e da tese de estudos que, veio a saber-se mais tarde, estavam errados, e que apontavam para riscos de autismo ou outros efeitos secundários da vacinação.

Uma outra técnica passa por "desacreditar um opositor", ou seja, dizer "qualquer coisa falsa", mas com "o tempo que a pessoa demora a reagir já é tarde demais".

Outra é "trollar", termo ainda sem tradução em Português, quando alguém vai para "as redes sociais fazer comentários de tal maneira depreciativos e maus" para tentar "provocar uma reação do outro lado".

As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsificadas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.

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