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Antifascistas de Lisboa antecipam mais protestos contra salazarismo

A Plataforma Antifascista de Lisboa (PAFL), responsável pela manifestação realizada hoje no centro da capital, que teve o apoio de 57 associações da sociedade civil, anunciou que vão ser organizados mais protestos contra o passado do salazarismo em Portugal.

Antifascistas de Lisboa antecipam mais protestos contra salazarismo
Notícias ao Minuto

22:21 - 01/02/19 por Lusa

País PAFL

"Fizemos hoje uma demonstração de força de que, efetivamente, o povo juvenil e as organizações da sociedade estão juntas neste combate, para dizer que realmente não há espaço para lembrar um passado que foi tão negro como o passado do salazarismo", declarou Luís Batista, um dos representantes da PAFL, em declarações aos jornalistas, no âmbito da manifestação em Lisboa contra o fascismo.

Fazendo um balanço do protesto, que começou pelas 18h30 no Rossio e que terminou cerca das 21h00 no Largo de Camões, o responsável da PAFL disse que estiveram "mais de 500 antifascistas juntos em Lisboa", numa manifestação que foi subscrita por 57 organizações da sociedade civil, desde movimentos antirracistas a associações de intervenção política, juvenil e cultural.

"Para dizer que nas nossas ruas, nos nossos bairros, não existe espaço para o fascismo e para o racismo", reforçou Luís Batista, explicando que esta ação de protesto se tornou "um movimento grande demais para ficar por aqui", pelo que se preveem "mais protestos" antifascismo.

Durante a manifestação de hoje, Alcino Monteiro, cidadão português de origem cabo-verdiana espancado até à morte, em 1995, no Bairro Alto, em Lisboa, foi um dos rostos lembrados como vítima do racismo e da repressão, através de um retrato erguido durante o protesto e da passagem, de forma simbólica, pela rua Serpa Pinto, local onde foi assassinado.

"Não esquecemos Alcino Monteiro", gritaram os manifestantes, erguendo bandeiras com faixas negras e defendendo que "contra o racismo nem um passo atrás".

Apesar do mau tempo, com chuva e granizo, os protestantes fizeram-se ouvir no centro de Lisboa, sobretudo nas ruas do Carmo e Garrett, com frases de ordem contra o fascismo e o racismo, reproduzidas ao ritmo do som de tambores.

Sem registo de conflitos durante o percurso da manifestação, embora tenham sido lançados três petardos e acendida uma tocha de fumo vermelho, alguns dos participantes desfilaram de rosto tapado para se protegerem de qualquer tipo de repressão, explicou o responsável da PAFL.

A viver há três anos em Lisboa, José Vicente, de nacionalidade brasileira, faz parte do Coletivo de Ação Imigrante e Periférica (CAIP) e decidiu participar na manifestação para "lutar pelo direito de existir, ser e permanecer" em Portugal.

Em declarações à agência Lusa, o representante do coletivo CAIP reconheceu que o protesto antifascismo e antirracismo é uma resposta à manifestação que se realizou hoje em homenagem a António Oliveira Salazar, convocada pela Nova Ordem Social, já que se trata de "uma ameaça direta" à liberdade de todos os cidadãos.

"Pretendemos mostrar para a sociedade portuguesa que estamos unidos, que não vamos deixar crescer a semente do fascismo por estas terras, porque está a ser uma onda que está a acontecer em vários países do mundo", declarou José Vicente, acrescentando que a ação de protesto reflete, também, "a solidariedade entre o povo e entre os que se sentem afetados por esse tipo de ideia preconceituosa e violenta".

"Não tenho saudade nenhuma de repressão alguma!", "Fascistas, racistas, fora das nossas vidas!", "Não esquecemos, nem perdoamos!" e "+ respeito pela nossa dignidade" eram algumas das frases escritas nos cartazes erguidos durante a manifestação.

No Largo do Camões, a plataforma PAFL leu um manifesto contra o fascismo, dando por encerrada a ação de protesto.

Na descrição da manifestação na rede social Facebook, os promotores lamentam que a extrema-direita esteja a "ganhar mais aceitação social e presença parlamentar" em alguns países e referem que "o fascismo já está presente em cada despejo, em cada trabalho precário, em cada rusga policial em bairros populares, em cada migrante assassinado às portas do 'primeiro mundo', em cada mulher morta pela violência machista".

"Saímos à rua para gritar bem alto que não toleramos a normalização de discursos fascistas e grupos/partidos de extrema-direita", dizem.

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